Na Feira dos Reis de Vila Verde, Alijó, juntou-se hoje a venda de sementes e alfaias agrícolas à causa social, com o lançamento de um vinho cujas receitas revertem para uma instituição que apoia crianças e idosos.

Tornou-se tradição em Vila Verde realizar a Feira dos Reis a 06 de janeiro. Ali juntam-se a cada início de um novo ano vendedores de árvores de fruto, de sementes, de utensílios usados na agricultura, como enxadas ou machadas, mas também há venda de roupa, calçado, doçaria, louças, maquinaria e um concurso de gado maronês.

Mas o certame que se estende pelas ruas da aldeia acabou por ter também uma vertente solidária, com angariação de verbas para o Centro Social Recreativo e Cultural de Vila Verde, a entidade que organiza a Feira dos Reis.

“É uma feira centenária e anual, onde antigamente se vendiam as sementes e as alfaias agrícolas. Entretanto, um antigo presidente de junta lembrou-se de aproveitar esta feira para angariar fundos para criar uma instituição e construir um infantário”, afirmou Aida Fernandes, presidente do centro social.

A instituição nasceu em 1979 para dar apoio social às crianças que, após o 25 de Abril de 1974 e aquando do regresso dos portugueses do Ultramar, regressaram a uma aldeia sem ofertas educativas, culturais ou desportivas.

Hoje, o centro dá apoio à população e assume as valências de creche, jardim de infância e ocupação de tempos livres e serviço de apoio domiciliário para 30 idosos.

O certame mantém a vertente solidária, com um almoço em que se recolhem contributos, mas também com a venda do prato típico tripas e bifanas e, este ano, o lançamento de um vinho solidário, uma edição de 1.500 garrafas do “4 Reis Mago”, com 20% das receitas das vendas a reverter para o centro social.

O projeto vínico juntou os produtores António Boal e Luís Lage e os irmãos deste último, António e Armando Lage, e quer também homenagear os pais, dois homens do Douro, Augusto Boal e António Lage.

“Todas as ajudas são muito importantes, porque sem elas é impossível fazermos o apoio a todos os utentes que nós temos”, salientou Aida Fernandes.

O empresário António Lage explicou que o vinho é um projeto que “representa uma paixão pelo vinho, o amor a esta linda terra que é Vila Verde e um forte sentido de solidariedade”. “É um projeto com o qual também estamos a homenagear os nossos pais pelos valores que nos transmitiram como a amizade, a generosidade e o sentido forte da nossa terra. É um vinho solidário”, frisou.

Por sua vez, o produtor António Boal salientou que se trata de um vinho que “nasce da amizade” e que quer apoiar uma causa social.

Apesar da ameaça de chuva, hoje em Vila Verde, no distrito de Vila Real, juntou-se quem quis ver o concurso de gado bovino e caprino, quem quis comprar árvores de fruto para plantar ou sementes para o novo ciclo agrícola que se iniciará em breve ou também quem quis reencontrar familiares e amigos.

António Teixeira vende “praticamente tudo”, desde “árvores de fruto a florestais”, como azevinhos, oliveiras, amendoeiras, castanheiros e laranjeiras, e faz questão de marcar presença na Feira dos Reis, onde diz que muitos agricultores aproveitam para se preparar para as sementeiras.

Rosalina Ribeiro veio cumprir a tradição e levou cebolas e couve-de-bruxelas. “Venho cá todos os anos comprar as sementes que são de qualidade e para a gente ter para comer. Agora vão para a estufa e depois para o campo”, frisou.

Delfim Letra vai todos os anos aos “Reis” de Vila Verde. É natural da freguesia, onde residem cerca de 500 pessoas, e aproveita para vender um pouco de quase tudo: sementes, tesouras, elásticos, naftalinas, navalhas, pentes e relógios.

“É uma freguesia essencialmente rural e as pessoas muitas vezes não têm transporte para ir à vila [Alijó] e aproveitam esta feira para comprarem, e a gente também precisa de vender e de ganhar algum e a gente também vê amigos. É tudo bom”, salientou.



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