Um ferry-boat, com capacidade para 22 automóveis, que tenham 7,5 toneladas cada, começou ontem a fazer a ligação entre as duas margens do rio Douro, no Pinhão, município de Alijó.
O barco, \"Castelo de Paiva\",que já teve as mesmas funções em Entre-os-Rios, quando da queda da ponte de Hintze Ribeiro, foi uma exigência da população e de autarcas face ao encerramento da única travessia do rio na área, que obrigaria a um desvio de mais de 60 quilómetros, durante um período previsto de quatro meses.
Ontem, muitos foram os que quiseram fazer a primeira viagem, sem esconder apreensão quanto a horários de funcionamento. \"Aqui a vida começa muito cedo. A partir das cinco horas já há pessoas na estação e nos cafés. Hoje, recorre-se muito a empreiteiros para efectuar o trabalho agrícola. Essas pessoas ou passam cedo ou vão à volta e isso vai fazer com que os comerciantes percam clientes. Porque o barco só funciona a partir das sete ou das oito horas\", disse , ao JN, Nélson Ferreira, morador no Pinhão.
Isabel Moutinho, proprietária do restaurante \"Casa Branca\", diz-se insatisfeita com o horário da última viagem. \"Tenho muitas pessoas das quintas que jantam no meu restaurante. Não sei como vai ser. Penso que o barco não devia acabar às 20 horas, mas pelo menos às 21.30 ou 22 horas\", defende.
Hora de afinação
Também quem vem de fora tem críticas. António da Silva, é reformado e vive em S. João da Madeira, afirmou\"Venho ao Pinhão muitas vezes porque tenho cá família. Acho que o barco devia funcionar a partir das seis da manhã. As pessoas têm razão\".
Outra das queixas prende-se com \"a impossibilidade de travessia de camiões com mais de 7,5 toneladas\".
As reivindicações estão a ser analisadas pela empresa Estradas de Portugal (EP) e pela autarquia de Alijó. Jorge Machado, director distrital da EP, referiu que \"os horários ainda estão a ser afinados\". \"Estamos também a fazer as contas aos custos\", salientou, não revelando números.
Pedro Perry, presidente da Junta de Pinhão, e Artur Cascarejo, presidente da Câmara de Alijó, garantem à população que \"será feito tudo o que for possível \". Segundo apurámos, a Câmara está disposta a pagar aos quatro tripulantes da embarcação todas as horas além das oito diárias, assim como o alojamento, num total de cerca de 25 mil euros.
As obras na ponte, orçadas em 2,7 milhões de euros, deverão estar concluídas em Agosto. Os peões e os motociclos continuam a fazer a travessia pela ponte, graças à construção de um passadiço.