Depois de divulgadas as resoluções dos Conselhos Raianos sobre as Áreas Protegidas, teve lugar a constituição oficial da RIONOR norteada pela perseverança e o acreditar num futuro melhor.
Depois da Conferência de Imprensa no Auditório Adriano Moreira em Bragança a 28 de setembro para divulgar as “Resoluções/Recomendações dos Conselhos Raianos sobre as Áreas Protegidas”, foi, finalmente, formalizada a constituição da Rede Ibérica Ocidental para uma Nova Ordenação Raiana (RIONOR) no passado sábado, dia 1 de outubro.
Rio de Onor foi o palco perfeito para a oficialização desta fusão de vontades que pretende, acima de tudo, valorizar e dignificar os territórios raianos e as suas populações, reviver a convivência transfronteiriça, de forma a inaugurar uma nova era.
A cerimónia, que começou pelas 15h30, contou com os representantes autárquicos da aldeia, José Preto e Elvira Prieto, e uma plateia constituída por, sensivelmente, duas centenas de pessoas que participaram na Escritura Pública realizada pelo notário Manuel João Braz.
Após a escritura, seguiu-se a Assembleia Constituinte com a aprovação dos estatutos, a eleição dos corpos gerentes transmontanos, galegos e castelhano-leoneses, entre os quais a tomada de posse do primeiro presidente da nova associação raiana, Francisco Manuel Alves, bem como a aprovação do Plano de Atividades e do Orçamento para o ano de 2017.
“Tem que se acabar com este modelo de multas, de impor leis de cima e não dialogar com as populações. Eu acho que esse é o apelo à participação das populações, o seu envolvimento nos projetos que lhe dizem respeito, é a única forma de defender e preservar o ambiente e esse paradigma tem de ser mudado radicalmente”, começou por defender o recém-empossado presidente da RIONOR.
Há, hoje, pensadores que atestam que só se defende o ambiente como era com atividades agrárias vernáculas, com o retorno e o incentivo à fixação das populações nas montanhas, dos camponeses de onde foram retirados”, garantiu Francisco Manuel Alves. Esta figura de vulto da cultura raiana muito tem feito em prol da região raiana e das suas populações, sendo uma voz importante na matéria que versa a associação a que preside.
“Há que fazer circular a informação, acabar com os incêndios e com o que se paga às multinacionais que com os seus meios de combate aos fogos florestais nos exploram até ao tutano, que até incendeiam para poderem apagar”, adverte o dirigente máximo da RIONOR, que com a sua perseverança conquistou a confiança de toda uma equipa que com ele trabalha pelo desenvolvimento de uma região cada vez mais votada ao esquecimento, tentando o possível e o impossível, para inverter uma tendência crescente de desertificação.
Na opinião de Francisco Manuel Alves, não há melhor forma do que prevenir. “Prevenir é colocar camponeses pagos a trabalharem nas florestas, a limpá-las e a vigiá-las, essa é outra das iniciativas, entre muitas outras que tentamos implementar”, terminou o presidente número um da RIONOR, que com a força do seu caráter estabeleceu uma renovada esperança para a raia e suas gentes.
De registar que, entre associados individuais e coletivos, todos os participantes na Assembleia Constituinte inscritos como sócios na RIONOR foram considerados fundadores.
A encerrar este grande momento festivo, de reforço da cooperação transfronteiriça, atuaram a Escola de Gaiteiros e os Tocadores da Lombada, seguindo-se uma ceia comunitária oferecida pelas juntas de freguesia de Rio de Onor, de Bragança, e de Castillla y León.
De salientar, também, a construção de uma estrutura simbólica, um cabanal, que serviu de mote às assinaturas e de teto à própria celebração, num projeto do arquiteto João Ortega e que uma empresa brigantina concebeu, gratuitamente, para o efeito.
Só é de lamentar que depois de uma convocatória feita aos jornalistas pela associação, no sentido da comunicação social ajudar o “trabalho titânico contra o despovoamento, o derrotismo, e a falta de esperança que se instalou nos territórios raianos”, sublinhando que, caso contrário, “ficaremos mais sós, mais derrotados e mais desesperados”, os media não locais e nacionais não terem respondido positivamente ao apelo, tendo comparecido num número muito inferior ao expetável em Rio de Onor.