Os sabores e os saberes das terras do Planalto Mirandês estiveram, mais uma vez, em destaque, na cidade de Miranda do Douro. A vitela mirandesa, o cordeiro de raça churra galega, o porco, o fumeiro e os hortícolas produzidos neste concelho uniram-se para dar lugar ao IV Festival Gastronómico de Sabores Mirandeses, que terminou anteontem.
Durante três dias, a festa foi dedicada aos produtos com mais relevo no concelho. Assim, festejou-se - e saboreou-se - o \"Dia do Ovino da Raça Churra Galega Mirandesa\", o \"Dia do Bovino de Raça Mirandesa\" e o \"Dia do Porco\".
A estas iguarias, juntaram-se os doces regionais mirandeses, com especial destaque para a bola doce, a aletria, os sonhos, o arroz doce e as roscas. A tudo isto adicionou-se a cultura mirandesa, ainda bem enraizada nas gentes de Miranda, com o artesanato tradicional, desde os trajes tradicionais, aos trabalhos em madeira ate às gaitas de foles, e a animação de rua proporcionada pelos gaiteiros e pelos pauliteiros mirandeses.
Assim, a inauguração do certame ficou marcada pela soberba actuação do grupo de gaiteiros de Constantim, que deram o mote para a dança do Pauliteiros de Sendim. A cerimónia foi presidida pelo secretário de Estado adjunto do Ministro da Cultura, Amaral Lopes, a quem a edilidade ofereceu uns alforges com obras literárias escritas em mirandês, claro.
O resultado da aposta que a Câmara Municipal de Miranda do Douro tem vindo a fazer no Festival de Sabores Mirandeses foi um certame com 45 expositores e milhares de visitantes. Ou seja \"uma aposta ganha\", segundo afirmou o presidente da Câmara Municipal, Manuel Rodrigo. \"De ano para ano sobe o número de artesãos que querem vir aqui expor os seus produtos e estes têm cada vez mais qualidade\", acrescentou o autarca.
Enchidos em água d alho
O fumeiro confeccionado na região do Planalto Mirandês tem uma característica peculiar: a adoba é feita com água e não com vinho (como acontece em Vinhais, por exemplo). Para além disso, o enchimento é feito 24 a 36 horas depois de a carne estar picada, enquanto em Vinhais está, pelo menos, três dias.
\"Tem também muita qualidade e cada um tem as suas características. Mas posso dizer que os enchidos são espectaculares\", garante o presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro.
E, esta peculiaridade pode mesmo conduzir à certificação do fumeiro de Miranda do Douro. Segundo o sub-director Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Francisco Neto, \"podemos tentar a certificação do chamado fumeiro em água d alhos e não em vinha d alhos, como é o caso de Vinhais, Montalegre e Boticas\".
Para que a certificação seja possível, terão de ser feitos estudos para avaliar as possibilidades do fumeiro do Planalto no que à Indicação Geográfica Protegida, Denominação de Origem Protegida ou Especialidade Tradicional Garantida.