A 24.ª edição do Festival da Lombada, em Palácios, no concelho de Bragança, arranca na sexta-feira e, ao longo de três dias, vai recuperar os viveres da aldeia.

Segundo Bruno Aliste, da organização, os participantes vão poder experimentar e aprender na localidade onde durante o ano moram 25 pessoas, a maioria idosos, viveres na agricultura, no cancioneiro popular ou nos acontecimentos do dia a dia, como cozer pão, fazer cestas ou espantalho e saber interpretar o toque do sino da igreja.

“O objetivo do festival é reviver os tempos antigos e ensinar aos mais novos como é que se fazia. Os mais velhos lembram o que faziam e os mais novos aprendem, até porque, um dia, poderão ter necessidade de o fazer”, disse o presidente da Associação Cultural, Recreativa e Ambiental de Palácios.

No primeiro dia vai ser possível aprender a amassar e cozer pão em forno a lenha. Sábado é dedicado à ceifa e à malha sem mecanização, que completam o ciclo do cereal, que estava na base da alimentação.

A acompanhar, vai estar a gastronomia típica: “Temos as pataniscas de bacalhau, as sopas da segada, que levam vinho, o arroz doce e o pão cozido no dia anterior”, enumerou Bruno Aliste.

Este ano, a malhadeira rudimentar, mas mecânica, fica parada, e a força é braçal, com o malho - um instrumento de pau usado para separar o grão da espiga.

Há ainda espaço para a música e para os saberes que uniam a população, tendo Bruno Aliste referido que foi feita uma recolha de cantigas tradicionais, que ficaram registadas num álbum.

“À parte agrícola juntámos a musical, que na verdade já estava junta. Porque todos os trabalhos agrícolas têm cantigas associadas. Vamos ter toques religiosos, e não só, que se faziam no sino da igreja e que ainda hoje se fazem”, explicou.

Estes toques, detalhou o responsável, serviam para dizer que a missa ia começar, informar que alguém morreu, juntar as pessoas em caso de emergência, como num incêndio, ou avisar o povo que era preciso reunir o conselho popular.

“Dava-se na noite anterior dois toques no sino e as pessoas já sabiam que no dia seguinte era preciso reunir o concelho, por exemplo, para fazer um trabalho comunitário. Era a forma que havia de comunicar entre todos rapidamente. Era o grupo do WhatsApp da altura”, riu-se Bruno Aliste.

O festival, que para o ano assinala o quarto de século de existência na zona da Lombada, que pertence ao Parque Natural de Montesinho, assume que não quer ser de massas mas já atrai visitantes, entre eles estrangeiros.



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