A aldeia de Pitões das Júnias, no concelho Montalegre, acolhe de 12 a 14 de agosto o Festival do Centeio, uma iniciativa que pretende reavivar tradições agrícolas e reforçar os laços da comunidade, foi hoje anunciado.
O Centear, que se realiza na turística aldeia do norte do distrito de Vila Real, inclui três dias de regresso aos usos e costumes antigos, desde a segada, a carrada e malhada e a colma.
Pretende-se, segundo disse hoje à agência Lusa a presidente da Junta de Pitões das Júnias, Lúcia Jorge, proporcionar “um reencontro com as tradições”.
“Nesta terra de alta montanha, o cereal principal era o centeio. Era um trabalho executado no período do verão, mas fazíamos disto uma festa porque era um trabalho feito de um modo comunitário, ou seja, as pessoas ajudavam-se umas às outras até que todas cegassem, malhassem e recolhessem o centeio”, afirmou.
O objetivo deste festival, frisou, “é manter a tradição na memória das pessoas”.
“No Centear fazemos todos os passos que o cultivo deste cereal obrigava. Depois da segada da messe, leva-se a carrada para a eira, onde é feita a malhada com os malhos tradicionais e, por fim, coloca-se a colma nas coberturas dos telhados”, salientou a autarca.
Tradicionalmente a colma era colocada nos canastros, espigueiros ou moinhos.
No terceiro dia do festival será substituída a cobertura do canastro que está colocado junto ao forno do povo, mas, durante a terceira edição do Centear, decorrerá também a estreia da curta-metragem “A malhada em Pitões das Júnias” e haverá almoço com as tradicionais sopas.
“Queremos que isto seja uma festa não só para a gente de Pitões, uma festa de recordar memórias passadas, modos de estar e de conviver neste período de verão”, salientou Lúcia Jorge.
O forno comunitário também vai cozer pão.
“Temos todo o processo que se inicia com a sementeira até à transformação em pão e o aproveitamento do tronco da planta do centeio, que termina na colma do telhado do canastro. O que não serve irá para a cama do gado”, referiu, acrescentando que há ainda muita produção de animais neste território.
A autarca disse ainda que atualmente ainda se cultiva o centeio nesta região, de uma forma mais mecanizada, e que este cereal é usado, principalmente, para alimento dos animais.