A sexta edição do Festival d’Onor, que acontece nas aldeias raianas de Rio de Onor, concelho de Bragança, e Rihonor de Castilla, em Espanha, decorre entre sexta-feira e domingo, com ambições de se tornar um exemplo de cooperação.

O festival desenrola-se em cima da fronteira e assume-se como um festival musical de identidade tradicional, onde o passado dos dois países se junta ao mundo rural atual.

Nas duas aldeias que sempre viveram de forma comunitária vão atuar mais de 20 grupos musicais, portugueses e espanhóis, entre os quais o gaiteiro Jose Manuel Tejedor, Sebastião Antunes, Stereossauro, Bicho Carpiteiro e artistas emergentes do distrito brigantino.

Na organização está um grupo de cerca de 15 jovens, com média de idades de 30 anos, com a particularidade de nenhum ser das aldeias onde moram atualmente 70 pessoas - 50 do lado português e 20 do espanhol.

“O principal motivo é sobretudo a amizade que temos com pessoas de lá e que perceberam em nós algum potencial para fazermos as coisas acontecer ali. Começaram a interagir connosco”, explicou David Vaz, 30 anos, membro da Associação Montes de Festa.

Para David Vaz, as Terras de Onor são uma joia em bruto, num festival que quer viver em torno da comunidade.

“Existe ali tanta matéria cultural que transcende as duas aldeias. Cada uma representa o seu país, conseguiram preservar-se no tempo e ainda hoje serem uma comunidade única. Daqui a 10 ou 15 anos, vejo que este festival pode ser o alavancar de todo este trabalho transfronteiriço num território de baixa densidade para criar um evento que seja um exemplo na cooperação e que se quer destacar por isso”, disse à Lusa David Vaz.

O festival, segundo David Vaz, procura ser uma ligação entre a tradição e o contemporâneo.

“Aquilo que nós procuramos é programar o festival para ser uma mostra que nos permita recriar e criar tradição. Não é um festival de música tradicional. É um festival de música de identidade tradicional. Estamos a falar de um evento em que se mistura aquilo que é a música tradicional com a música contemporânea”, disse.

Ao longo destes seis anos, o festival foi mudando os hábitos dos filhos da terra que estão fora mas que procuram estar presentes.

“As pessoas da aldeia são o motor de tudo e tudo acontece em simbiose com elas. (…) Pessoas da diáspora e que trabalham noutros pontos do país antigamente vinham à aldeia na festa do São João, por exemplo. Agora vêm na altura do festival, para estar com os seus amigos e familiares”, contou.

Rio de Onor fica a 27 quilómetros de Bragança e faz parte do Parque Natural de Montesinho. Rihonor de Castilla, província de Zamora, está a 16 quilómetros de Puebla de Sanabria, na Serra da Culebra.

Do cartaz faz parte uma residência artística que vai apresentar o cancioneiro popular local, com mais de 70 anos, com uma nova roupagem, e uma recriação de um baila à antiga, improvisado na rua com gaitas de foles.

A banda que nasceu em Bragança nos anos 90, Odores de Maria, está de regresso ao ativo e atua no Festival d’Onor. Juntam-se outros projetos musicais transmontanos, como os Batucada, Ambria Ardena ou Slamtype.

Não há bilhetes de ingresso e os festivaleiros têm acesso a campismo grátis, no parque de campismo da aldeia de Rio de Onor. Até ao momento, há cerca de 200 inscrições para as dormidas, mais do que os residentes a tempo inteiro nas duas aldeias, observou à Lusa David Vaz.

Durante esta semana, os habitantes estão empenhados em fazer produtos típicos para venderem no mercadinho local, onde vão ter comida e artesanato. Vai ser ainda possível ver um ciclo de cinema rural, que mostra a vivência de antigamente.

O festival conta com um espaço de restauração e outro de tasquinhas “para umas refeições mais ligeiras, quando às 04:00 da manhã o DJ estiver a bater e o pessoal quiser petiscar qualquer coisa”, brincou David Vaz.



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