O “Lombada- Festival de Música e Tradição” que se realiza em Palácios, Bragança, de 28 a 30 de julho, junta música de gaiteiros e tocadores ao resgate do ciclo do pão e de antigos trabalhos agrícolas, realizados de forma manual.
Organizado pela Associação Cultural e Ambiental de Palácios, aldeia do território nordestino da Lombada, o festival foi apresentado hoje, no Conservatório de Música e Dança de Bragança.
“O objetivo do ‘Lombada- Festival de Música e Tradição’ passa por preservar as tradições culturais desta região e dar a conhecer aos mais novos o trabalho e o esforço que os nossos antepassados tinham nas alturas das ceifas e das malhas que fazem parte do ciclo do pão”, explicou à agência Lusa o presidente da Associação, Raul Tomé.
Assim as gentes da zona da Lombada, em Bragança, vão ceifar o pão à moda antiga, num dos mais antigos festivais da região, que alia as tradições e a música.
Em novembro foi semeada uma terra com cereal que fica situada a cerca de 800 metros da aldeia de Palácios, local onde se vai desenvolver toda esta recriação agrícola.
Há mais de duas décadas que, com o apoio do município de Bragança, este festival raiano é promovido, chamando a esta pequena aldeia participantes portugueses e espanhóis.
“A terra foi preparada para a sementeira e agora chegou a altura de se fazer a ceifa do cereal através de métodos ancestrais”, vincou o dirigente associativo.
O almoço tradicional típico do tempo das colheitas retempera a força para ir até à eira bater o trigo, até separar o cereal da espiga e obter o grão que há de ser moído e dar a farinha para fabricar o pão.
Outro ponto alto do festival é o Encontro de Gaiteiros e Tocadores, com as modas de antigamente, danças e os cantos que acompanhavam os trabalhos agrícolas.
“Os trabalhos agrícolas são acompanhados pelos gaiteiros tradicionais. Antigamente, a música servia para aliviar um pouco esta árdua tarefa, apesar desta prática não ser bem vista pelos patrões, mas ajudava a aliviar o cansaço - porque as pessoas cantavam e paravam de trabalhar. Havia contos próprios que vamos recriar que ajudava a passar a jornada”, explicou Raul Tomé à agência Lusa.
No terceiro e último dia do festival haverá uma reunião de mais 40 tocadores que individualmente ou em grupo vão tocar gaita-de-foles, concertina ou realejo (sanfona), e assim recriar “modas do antigamente”.