Um dia, num restaurante em Lisboa, onde por motivos profissionais se encontravam todos os presidentes dos concelhos do Alto Tâmega, os autarcas de Montalegre e de Chaves decidiram testar qual o presunto mais famoso o de Barroso ou o de Chaves.

Para tirar a prova dos nove, chamaram o empregado do restaurante. \"Tem presunto de Barroso?\". A expressão atarantada do empregado disse tudo. \"E de Chaves? Ai desse temos!\". A história, contada pelo presidente da Câmara de Chaves, João Batista, prova a notoriedade do produto. Só. A fraca expressão comercial no mercado do presunto de Chaves, que se tornou famoso nos restaurantes lisboetas, continua a ser uma realidade.

No entanto, a Câmara quer alterar a situação. Para o efeito, tem já em preparação um plano de acção que irá decorrer ao longo de todo o ano e que foi acelerado pelo facto de o \"presunto de Chaves\" constar da lista a concurso para eleger as \"Sete Maravilhas gastronómicas de Portugal\", iniciativa paralela às Sete Maravilhas do Mundo.

A primeira das acções será a de mobilizar os flavienses para a votação no concurso. Além disso, está prevista a realização de um \"Festival Gastronómico do Presunto\" de um concurso culinário, bem como a constituição da Confraria Gastronómica do Presunto de Chaves\". \"Além de pretendermos manter viva a marca, queremos que estas acções - associadas ao plano geral de desenvolvimento rural que tem vindo a ser levado a cabo, nomeadamente o apoio à criação de cozinhas tradicionais - tragam retorno para o mundo rural\", defende o presidente da Câmara Municipal de Chaves, João Batista.

No entanto, apesar da fama, a verdade é que o comércio do presunto de Chaves não tem hoje qualquer expressão. A família que o deu a conhecer em Lisboa, os Guedes de Outeiro Jusão (há cerca de um século), há muito que deixou de os comprar nas aldeias para os colocar nos mais chiques restaurantes da capital, hoje, abastecidos, sobretudo, pelos espanhóis, com o topo de gama \"Pata Negra\".

O presunto de Chaves não tem certificado de origem. Nem poderá tê-la. O concelho faz parte da área geográfica de produção do Presunto de Barroso que, em 1994, obteve uma Indicação Geográfica Protegida.



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