Em 2001, a Filandorra-Teatro do Nordeste percorreu 35 concelhos da região Norte, levando a cerca de 60 mil espectadores um total de 322 espectáculos. Tudo isto num ano considerado por David Carvalho, director artístico da companhia, "o mais negro do seu historial", tendo em conta o orçamento de que dispunha. No entanto, este ano tudo será diferente, uma vez que o apoio suplementar do Ministério da Cultura e as receitas adicionais vão permitir à Filandorra "arrancar com todos os seus projectos, garantindo um repertório diversificado e com qualidade".
A Filandorra já revelou as novas produções e actividades da companhia para 2002. E na apresentação dos novos projectos, o director artístico da companhia, David Carvalho, voltou a lamentar o "fraco apoio financeiro" concedido no ano passado pelo Ministério da Cultura através do Instituto Português das Artes e do Espectáculo (IPAE), ou seja, a "diminuta" quantia de dez mil contos, acrescentando que "só com o apoio da rede de autarquias envolvidas neste projecto foi possível continuar o trabalho iniciado há treze anos no domínio da descentralização teatral".
Este ano, a Filandorra vai contar, para além desta verba, com o apoio adicional de 20 mil contos, concedido pelo ministro da Cultura, Augusto Santos Silva, ao qual acresce ainda a receita de quarenta mil contos provenientes das autarquias. Esta soma vai permitir à companhia "arrancar com todos os seus projectos, garantindo um repertório diversificado e com qualidade", afirmou David Carvalho.
Para as crianças, "um público especial, porque é o nosso futuro", a Filandorra vai apresentar "As histórias de Hakin", de Norberto de Ávila, que, diz David Carvalho, "são contos das arábias para mostrar aos alunos do primeiro, segundo e terceiro ciclos do ensino básico". Os mais novos poderão ainda assistir à representação da peça "As três touquinhas brancas", de Alexandre Parafita.
No dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, irá estrear "O auto da barca do inferno", de Gil Vicente, um espectáculo a apresentar ao ar livre, em ruas e praças, assim como em diversas salas de espectáculo da região e em palcos escolares, uma vez que este texto consta do programa da disciplina de Língua Portuguesa. Ainda na linha dos "grandes clássicos", no dia 21 de Junho vai estrear pela primeira vez em terras transmontanas uma peça de Shakespeare, "Sonho de uma noite de Verão".
"Comédia, de Samuel Beckett e "Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte", do autor galego Ramón Valle-Inclan são outras produções a estrear em 2002, que têm a particularidade de contar com encenadores convidados.
Mas, como companhia de produção, formação e animação, a Filandorra não limita a sua actividade à produção teatral, pelo que vai desenvolver o trabalho do Núcleo de Dramaturgia (NUDRA), com o objectivo de "possibilitar a encenação de textos valorativos da identidade cultural regional", para além de "contribuir para o crescimento da dramaturgia". Nas escolas do concelho vão também avançar as unidades de pedagogia e animação (UPAs) e vai ser dada continuidade ao projecto ANIBILEI, ou seja, de animação do livro e da leitura.
Na segunda quinzena de Junho, a Filandorra levará a cabo a edição zero do FESTIDOURO, Festival Internacional de Teatro do Douro, que contará com a participação de quinze companhias para "dinamizar e projectar a região a nível nacional e internacional no domínio das artes do palco".
A classificação do Douro como Património Mundial também não deixou a companhia indiferente. A Filandorra já definiu projectos de animação da região e para tal estabeleceu parcerias com o Museu do Douro, a Associação do Douro Histórico e a Beira Douro. Vai assim avançar o Durium, um projecto que visa contar a história do rio através do teatro de bonecos e animação infantil. "Ler o Douro" é outra das iniciativas da Filandorra, da qual fazem parte leituras animadas dos principais autores que escreveram sobre o rio. Animação de zonas históricas a partir de feiras e dramatizações medievais de contos e lendas de locais históricos, assim como a criação de textos dramáticos, a representar futuramente, a partir de textos de figuras e grandes acontecimentos da história do Douro, são ainda outros projectos que irão ocupar a Filandorra.