"Soldado Milhões", o filme sobre Aníbal Milhais, o soldado que combateu na Primeira Guerra Mundial, é também a história de "alguém muito maior do que um ato destemido", disse à Lusa o realizador Jorge Paixão da Costa.

"Soldado Milhões", que se estreia na quinta-feira nos cinemas portugueses, é um filme de Jorge Paixão da Costa e Gonçalo Galvão Teles, que se inspira na história de Aníbal Milhais, o transmontano que há cem anos se tornou num herói nacional, por ter combatido na Primeira Guerra Mundial.

O filme divide-se entre duas narrativas temporais, com o soldado nas trincheiras e, anos mais tarde, com o cidadão Milhais na aldeia de Valongo, medalhado e a querer viver uma vida sem estrelato, dedicado à família.

"Esta personagem era muito maior do que apenas alguém que tinha feito um ato destemido na guerra. Era um homem de uma grande simplicidade, com códigos de honra muito fortes, de uma grande honestidade, educação", disse Jorge Paixão da Costa.

É por isso que os dois realizadores quiseram humanizar uma figura que se tornou lendária, colocando-a no filme a explicar a guerra à filha mais nova, enquanto ambos percorrem montes transmontanos em busca de um lobo.

No filme, o soldado Milhões é interpretado pelos atores João Arrais e Miguel Borges, à frente de um elenco que inclui ainda, entre outros, Tiago Teotónio Pereira, Ivo Canelas, Isac Graça, Raimundo Cosme, Lúcia Moniz e António Pedro Cerdeira.

Jorge Paixão da Costa, que tem trabalhado sobretudo em televisão e que assina aqui a quarta longa-metragem de ficção, admitiu que gosta sobretudo de fazer filmes de época: "Há 15 ou 20 anos que vivo no final do século XIX e princípio do século XX. Este filme foi o meu regresso à minha zona de conforto".

O realizador alerta para a ausência de pretensões didáticas ou pedagógicas deste filme, e afirma que, a par do rigor histórico possível, quis ser fiel aos relatos que teve diretamente junto da família.

"Não tenho a mínima dúvida de que este filme vai aguçar muito a curiosidade de se conhecer melhor não só a nossa ida para a Primeira Guerra, como também aquilo que foi a Primeira República, que ainda hoje é um período um bocado estigmatizado", disse.

Natural de Valongo (atualmente Valongo de Milhais), Aníbal Milhais, transmontano de origens humildes e analfabeto, foi enviado para a Flandres francesa, após a entrada de Portugal na guerra em solo europeu, em 1917, e foi um dos protagonistas da batalha de La Lys (9-29 abril de 1918), o grande desastre militar português referenciado como o 'Alcácer Quibir do século XX'.

Após contrariar as ordens de um oficial, Aníbal Milhais decide cobrir a retirada dos seus camaradas portugueses e britânicos, e após dias a vaguear sem destino regressa ao seu batalhão.

Ainda na Flandres, e após o armistício, foi condecorado em 1 de dezembro de 1918 com a Ordem de Torre e Espada (o único soldado raso a receber a mais alta condecoração militar), e passou a ser chamado Milhões, numa alusão o seu valor. Em 1919, regressou anónimo a Valongo.

Aníbal Milhões - nome que se tornou apelido na família - morreu aos 74 anos, em junho de 1970.

Sala cheia em Murça, na antestreia do filme “SOLDADO MILHÕES”.

O auditório do Centro de Cultura de Murça foi pequeno para todos aqueles que não quiserem perder a oportunidade de assistir à antestreia nacional, no passado dia10 de Abril, do recente filme de Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa, “Soldado Milhões”.
O filme é baseado em factos reais e relata-nos a forma como um soldado desconhecido e sem qualquer graduação, entre tantos que foram enviados para combater na Flandres, se torna o herói português da primeira guerra mundial.
O realizador Gonçalo Galvão Teles e o ator Isac Graça, estiveram presentes, e no fim da projeção, disponibilizaram-se para um momento de interpelação, de perguntas e respostas e interação com o público presente, que pelas suas reações e opiniões a avaliação foi bastante positiva.
Mário Artur Lopes, presidente do município, que apoiou esta iniciativa, aproveitou a ocasião para agradecer a presença dos intervenientes no filme, aos familiares do soldado milhões e a alguns convidados que marcaram presença neste dia.
Intervieram também, o comandante do Regimento de Infantaria, nº13, Coronel de Infantaria Mendes Farinha e o Comandante do Regimento de Infantaria nº19, Coronel João Godinho, associando-se desta forma à homenagem ao Soldado Herói Milhões e a tudo quanto ele representa para os outros militares portugueses.



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