A Câmara de Miranda do Douro considerou hoje que a atribuição da chancela de Dominação de Origem Protegida (DOP) por parte da Comissão Europeia (CE) ao cordeiro mirandês «peca por ser tardia».
«A carne de cordeiro mirandês já estava aprovada e reconhecida por despacho do Estado português desde 5 de Novembro de 2009 e lamentavelmente foram precisos três anos para que esta carne de qualidade superior fosse aprovada pela CE», disse Anabela Torrão, vereadora do município de Miranda do Douro.
A também ex-secretária técnica da Associação de Curadores de Raça Churra Garela Mirandesa acrescentou que, finalmente, há o «reconhecimento» deste património genético do planalto mirandês, sendo encarado como um «louvor» ao trabalho dos criadores, dos técnicos e de toda a associação de produtores daquela raça.
«De futuro, vemos vantagens para a economia local, dada a qualidade da carne, já que só um produto de qualidade superior consegue a qualificação de DOP por parte da CE», disse.
A criação de animais de raça Churra mirandesa poderá ser, a partir de agora, «uma opção» para os produtores pecuários da região, com incidência nos mais jovens.
Agora, será preciso dar passos em frente e comercializar o cordeiro mirandês em grande escala, para que os jovens agricultores se possam fixar à terra e ter condições para continuar a manutenção de uma raça autóctone que tem um efectivo que ronda os 6.500 animais.
Com a «crise que vive no sector agrícola», será importante passar à fase de constituição de uma fileira para a comercialização do produto, sempre com supervisão de uma entidade certificadora e fiscalizadora que garanta a qualidade e a origem da carne de ovino mirandês.
A CE acrescentou este produto pecuário português à lista dos produtos endógenos com DOP.
O «cordeiro (Canhonho) mirandês», de raça Churra Galega Mirandesa divide-se em três categorias, consoante a idade e o peso, pesando as carcaças entre quatro e sete quilos na categoria A (30 dias de idade), entre 7,1 e 10 na B (60 dias) e de 10,1 a 12 na C (120 dias).
Além da raça do ovino, a sua particularidade deve-se ao facto de ser alimentado naturalmente, em campos abertos e pastoreado de forma tradicional nos concelhos do planalto mirandês, de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso.