A Refer está executar obras de vedação da linha do Douro, junto à estação de Foz-Tua, em Carrazeda de Ansiães, que vai deixar cerca de vinte moradores sem acesso às suas casas. Dizem que passam à beira da via desde sempre e que não têm alternativa.
Para já está feito um muro baixo que \"rouba\" cerca de um metro à anterior delimitação, em prejuízo da passagem que há décadas é usada pelos populares para aceder às suas residências. \"Se for preciso vir uma maca a casa para levar um doente nem tem por onde passar\", atirou, ao JN, Maria de Fátima, logo corroborada por António Manuel: \"Esta é a única saída que tenho\". E por Fernanda Sequeira: \"Toda a vida entrámos em casa pela linha. Se a taparem como vai ser?\". \"Só se for pelo ar!\", ironiza António Santos. \"Se houvesse aqui gente de peso como antigamente olhe que eles não abusavam assim. Iam eles e tudo na frente!\", torna Fátima Sequeira.
A população já solicitou apoio ao presidente da Junta de Freguesia de Castanheiro do Norte, Sérgio de Castro, que levou o assunto à última Assembleia Municipal de Carrazeda de Ansiães. \"Sinto-me revoltado com esta situação\", sublinhou, já que apesar de as casas terem sido construídas depois da linha ferroviária, \"já ali existem há muitos anos\" e agora \"vão pÎr-lhe um muro à porta\". Para além de que \"nunca ali houve qualquer acidente\". \"A passagem de nível oferece mais perigo e ainda não automatizaram\", acentuou.
Ironicamente desafiou os moradores ou a Câmara Municipal a \"comprar um helicóptero para as pessoas poderem entrar e sair de casa\". E, falando a sério, pediu à autarquia para interpor uma \"providência cautelar em tribunal para que as obras não possam ser executadas\". Em último caso, o protesto poderá passar por medidas mais arrojadas.
A Refer respondeu a um contacto feito pelo presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, que \"tem todo o direito a fazer a obra e que estão a executá-la no domínio público da Refer\".
Sobre a providência cautelar pedida pela junta, o autarca, José Luís Correia, explicou que a empresa ferroviária \"pode executar as obras sem qualquer controlo por parte da Câmara\" e que o regime especial que o permite \"impossibilita o efeito útil de qualquer embargo municipal\". E que no caso de a providência cautelar avançar a empresa ferroviária poderia vir a \"invocar prejuízos que seriam imputados à Câmara\". Como por exemplo, haver um atropelamento de alguém pelo comboio naquele local ou o empreiteiro ter de parar as obras que estão a ser executadas.
Apesar de condicionada, a Câmara vai estar \"solidária e até à exaustão\" com a Junta e com a população de Foz-Tua. E \"se se verificar que está a ser levantado em terreno que não seja domínio público da Refer, o muro será demolido\".