O município de Freixo de Espada à Cinta anunciou que vai recuperar a atividade de tecelão e tecedeira para dar vitalidade ao ciclo da seda, um produto considerado "rentável e emblemáticos" na economia do Douro Superior.

"O que se pretende é formar pessoas para que fiquem aptas a trabalhar na tecelagem e produção de seda, tendo em vista recuperar uma atividade que faz parte da tradição e da história do concelho", disse à Lusa, a presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas.

O município do distrito de Bragança havia proposto ao Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) a realização de um Curso de Formação Profissional de Tecelão e Tecedeira, o qual foi aprovado e está a decorrer.

"Há bastante tempo que o curso foi proposto e finalmente, foi aprovado", observou, a autarca.

O curso teórico-prático, já iniciado, tem um plano formativo de seis horas diárias repartidas por nove meses, sendo frequentado por 23 formandos.

"Com esta ação, pretende-se impulsionar o trabalho de artesanato em seda, associado à empregabilidade, e fortalecer a sua ligação identitária a Freixo de Espada à Cinta, único território peninsular onde, ainda, se trabalha a seda de forma 100% artesanal", explicou Maria do Céu Quintas.

Atualmente, as únicas tecedeiras a laborar o ciclo da seda encontram-se num espaço dedicado para o efeito, localizado no Museu da Seda, onde o trabalho ao vivo se alia à venda e exposição de acessórios, designadamente echarpes, carteiras de senhora, gravatas ou colchas, entre outras peças concebidas por encomenda prévia.

"O preço de cada uma destas peças pode ir dos 25 aos 5.000 euros, dependendo do seu trabalho, tamanho, tempo de laboração entre outros fatores de produção", indicou.

A autarca mostra-se convicta de que a seda será, "a muito em breve prazo", um verdadeiro símbolo de Freixo de Espada à Cinta, que se junta assim à arquitetura Manuelina da vila trasmontana.

"A seda é um produto que, ao longo dos anos, teve uma grande importância económica no concelho, já que daqui saíram peças de seda artesanal que se encontram em vários pontos do mundo", acrescentou.

Para além de parte da tecelagem e confeção de peças em seda, haverá, durante o curso, a oportunidade de aprender a produzir o bicho-da-seda e posterior extração da matéria-prima.

"Somos os únicos que ainda apostamos na produção de seda artesanal, por este motivo temos que aproveitar e fazer renascer esta mais-valia e transformá-la num produto capaz de ajudar a potenciar a economia local e regional ", frisou.

A média de idades dos frequentadores do curso ronda os 30 anos, contudo, há certeza que nem todos vão chegar ao final da formação.

"Quem sabe se alguns dos jovens do concelho não terão aqui uma oportunidade para criar um negócio através de um produto reconhecido mundialmente", concluiu a autarca.



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