As polémicas torres de aço projetadas para o castelo de Freixo de Espada à Cinta foram retiradas do projeto de requalificação desta zona da vila manuelina, e o ferro servirá para melhorias na escola ou no estádio municipal.

O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara, Nuno Ferreira, que disse à Lusa já ter recebido o parecer favorável da Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) para retirar do projeto as quatro torres de 25 metros em aço anunciadas, há dois anos, para reconstituir o que foi o castelo medieval desta vila do distrito de Bragança.

O projeto do anterior executivo social-democrata, liderado por Maria do Céu Quintas, conseguiu financiamento de fundos comunitários e pareceres favoráveis das entidades da cultura para colocar as estruturas de aço junto à singular torre heptagonal em pedra, um dos símbolos daquela que é considerada a vila mais manuelina de Portugal.

A obra tornou-se polémica e foi tema das últimas eleições ganhas pelo socialista Nuno Ferreira, que prometeu retirar as torres do projeto, se fosse eleito, por considerar “um erro urbanístico e paisagístico que mudaria, incontestavelmente, a zona histórica da vila”.

Poucos meses depois de chegar à Câmara, o autarca anunciou que já tem “o parecer favorável emitido pela Direção Regional de Cultura do Norte” que coloca as “torres de aço definitivamente fora do projeto de requalificação e valorização da envolvente do castelo de Freixo de Espada à Cinta”.

O autarca considera que a inclusão das torres “teve falhas graves na sua aprovação” e explica que o que o atual executivo fez foi “ir junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e da DRCN expor o caso, com dados concretos e fundamentados”.

“Os próprios técnicos da Cultura estiveram cá presentes, a analisar, e também foram da opinião que deveria ser retirado”, afirmou.

Além dos pareceres das entidades competentes, o autarca defende que, antes de avançar com este projeto, “primeiro devia ter sido auscultada a população, devia ter sido feita uma consulta à população sobre se queria ou não queria as torres de aço”.

“Nunca foi apresentado o projeto publicamente, como devia ser feito. Supostamente foi apresentado num almoço intitulado de freixenistas, que não era aí o local próprio, nem tão pouco as pessoas se recordam disso mesmo”, considerou.

As quatro torres de aço integram um projeto mais abrangente, que já está execução e que foi contemplado com 250 mil euros, 85 mil dos quais para o ferro com que seriam erguidas as estruturas.

Nuno Ferreira quer agora aproveitar esses 85 mil euros e adquirir ferro, mas para outros fins comunitários, e o executivo tem duas opções em vista.

Segundo disse à Lusa, está marcada para terça-feira uma reunião na CCDR-N para discutir a possibilidade de a verba servir para colocar uma cobertura no estádio municipal ou para a construção da cobertura do pavilhão do agrupamento de escolas Guerra Junqueiro, onde atualmente os alunos praticam desporto num campo destapado.

Este agrupamento de escolas não está sinalizado no mapeamento inicial das cerca de 300 do Parque Escolar intervencionadas a nível nacional.

O município “está a fazer contactos” para que seja incluído, já que não é intervencionado “há mais de 20 anos”.

No caso de a pretensão não ser atendida, os 85 mil euros das torres de aço servirão para melhorar as condições da escola, como explicou o autarca.

Se a escola for contemplada com o investimento nacional para o Parque Escolar, o dinheiro das torres “será útil para o estádio”.

O resto dos 250 mil euros está a ser executado na envolvente do castelo medieval para criar um zona verde e acessos a esta zona “peculiar para a vila”, já que é ali que se encontra o cemitério.

“Se tudo correr como normal, até ao final do ano terá que obrigatoriamente estar concluído”, disse o autarca.

O Castelo de Freixo de Espada à Cinta está classificado como monumento nacional desde 1910 e é, segundo a Direção Geral do Património Cultural, uma das mais antigas fortalezas transmontanas, estando documentado desde, praticamente, o século XII e antecedendo, por isso, o fenómeno de vilas novas criadas por D. Afonso III e D. Dinis.



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