A capela da Nossa Senhora das Neves, em Vilar de Perdizes, está em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público (IIP) pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Em causa estão os frescos maneiristas descobertos no templo no seio de uma intervenção de restauro da responsabilidade da Câmara Municipal de Montalegre.
De acordo com o parecer do investigador Luís Afonso, citado na página oficial da Internet do IPPAR, as pinturas em causa \"destacam-se claramente no panorama fresquista português pela elevada qualidade técnica que possuem e pela sua erudição plástica\". E são, de acordo com a mesma fonte, \"um dos melhores testemunhos de pintura mural da segunda metade do século XVI que o país possui\". As primeiras imagens foram descobertas já em 2004, altura em que foram logo tidas como \"aparentemente muito interessantes\". No entanto, só mais tarde e depois de estudadas se percebeu o seu interesse. Os trabalhos de restauro terminaram no final da semana passada e, agora, será o telhado da capela a ser alvo de reparação. O pequeno templo poderá, assim, tornar-se num importante atractivo turístico da localidade.
Em todo o Alto Tâmega são pelo menos 17 as capelas que honram a Senhora das Neves três no concelho de Chaves, quatro no de Valpaços, igual número no concelho de Montalegre, duas no de Boticas e quatro no de Vila Pouca de Aguiar. Dada a predominância, o investigador na área das ciências da educação, Hélder Alvar, entende que seria \"interessante\", que, à semelhança do que aconteceu em Vilar de Perdizes, de onde é natural, fossem feitas diligências, no sentido de perceber se também nestes templos existem frescos \"escondidos\".
Os frescos são uma técnica artística muito antiga, utilizada sobretudo em pinturas murais, cuja peculiaridade reside no facto de o artista trabalhar, com tinta diluída em água de cal, sobre uma parede previamente revestida de argamassa. A pintura, desenhada sobre cartão, é, a seguir, decalcada na parede, mas antes que esta seque, de forma a não estragar o resultado final. A pintura apresenta então cores claras e transparentes, como é perfeitamente visível no caso da capela da Nossa Senhora das Neves, em Vilar de Perdizes.
