A Fundação Côa Parque assinou um protocolo de cooperação com a Universidade de Porto para promover a investigação no território do Vale do Côa, numa ação que se estenderá a outras instituições de ensino superior.
"Este protocolo vem consagrar uma colaboração que, de uma maneira informal, se vinha a desenvolver nas duas últimas décadas entre vários docentes e investigadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e o Parque Arqueológico do Vale do Côa", avançou hoje à Lusa o presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Bruno Navarro.
Segundo o responsável, existe, de resto, uma ligação afetiva a este projeto cultural que remonta aos movimentos cívicos criados em defesa do património do Vale do Côa, inscrito no Património Mundial da UNESCO.
Bruno Navarro indicou que esta colaboração terá várias dimensões: desde a organização de reuniões científicas sobre arte rupestre, publicação de estudos e a promoção de investigação científica pós-graduada sobre a Arte do Côa ou sobre a realidade arqueológica do Côa.
"A ideia é que a FLUP se instituía como parceiro técnico e científico no desenvolvimento das atividades científicas da FCP, e que possamos identificar projetos comuns, nomeadamente nas áreas da Arqueologia, da Museologia e da História da Arte”, tornando-se “um parceiro privilegiado para o estudo das coleções do Museu do Côa (MC), sejam elas de arte ou de contexto arqueológico", concretizou Bruno Navarro.
Um protocolo similar já tinha sido assinado em dezembro de 2018 com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, prevendo-se para breve a assinatura de um outro com a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
No que respeita a parcerias científicas, a FCP avançou à Lusa que serão também celebrados protocolos com o Museu de História Natural da Universidade do Porto e com o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO).
"O CIBIO, dirigido pelo Professor Nuno Ferrand, é um centro de investigação de excelência, que acaba de ser contemplado com um financiamento da Comissão Europeia (…), e o território do Vale do Côa será um dos objetos de estudo que ali será desenvolvido", disse Bruno Navarro.
Bruno Navarro acrescentou ainda a esta lista das parecerias estratégicas as já firmadas com a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes, que integram o Conselho Consultivo e o Conselho Científico da FCP, e com o Instituto Politécnico de Bragança, que será parceiro nas áreas da formação em turismo e desenvolvimento de aplicações interativas para o programa museológico do Museu do Côa.
Com esta abertura à comunidade académica e científica, a FCP pretende que o Vale do Côa seja um grande laboratório de investigação multidisciplinar para as instituições universitárias portuguesas.
"Ainda este mês será divulgado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia a abertura da convocatória temática ‘Vale do Coa International Research Award’, um prémio internacional no montante global de 2,5 milhões de euros para financiamento de projetos de investigação científica que contribuam para aprofundar a valorização científica do património do Vale do Coa, atraindo grupos de investigação de excelência internacional para trabalhar em Portugal em estreita cooperação com equipas de instituições portuguesas. É uma notícia extraordinária para esta região", notou o presidente do Conselho Diretivo da FCP.
A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, nos finais do século XX, em toda a Europa.
Aquando da descoberta da "Arte do Côa", em 1994, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (20 a 30 mil anos atrás) e estar-se perante "um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo".
O Parque Arqueológico do Vale do Côa foi inaugurado a 10 de agosto de 1996.