O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) de Bragança está a preparar cursos específicos para responder à procura de mão-de-obra para o empreendimento turístico de 250 milhões de euros projectado para Alfândega da Fé.
O FunZone Villages - Douro, assim se chama o empreendimento turístico, promete criar 1.300 novos postos de trabalho, um número próximo do total de residentes na sede de um concelho sem mão-de-obra, sobretudo qualificada, o que indicia que haverá falta de trabalhadores.
Mas o responsável pelo núcleo distrital do IEFP de Bragança, Fernando Calado, garantiu à agência Lusa que a entidade está a preparar cursos específicos tendo o FunZone em vista e que estará apto a dar resposta às solicitações.
«Podemos dar resposta», disse à Lusa, Fernando Calado, que é responsável do IEFP nos 12 concelhos do distrito de Bragança e, também, no de Foz CÎa, na Guarda.
Fernando Calado adiantou que aquele organismo já incluiu no plano de formação alguns cursos especificamente vocacionados para as necessidades deste empreendimento, nomeadamente geriatria, apoio à família, cozinha, empregado de mesa.
Segundo disse, os cursos estão já em projecto e podem avançar a qualquer momento, já que a metodologia do IEFP permite lançar cursos todos os meses ao longo do ano.
Afirmou ainda que estes cursos vão ser ministrados em todos os centros de formação da região e não apenas no de Alfândega da Fé.
O presidente da Câmara, João Carlos Figueiredo, tinha admitido, anteriormente, à Lusa, que o concelho não tem gente para dar resposta ao número de postos de trabalho necessário, apesar do desemprego e da falta de oportunidades que afectam o interior do país.
Mesmo assim, João Carlos Figueiredo está convencido de que o empreendimento dará emprego a «300 ou 400 pessoas da região».
Os restantes postos de trabalho, sobretudo os mais qualificados, terão de ser preenchidos com gente de fora.
E é aqui que o autarca vê outra oportunidade deste projecto: inverter a tendência de êxodo e despovoamento do seu concelho.
João Carlos Figueiredo acredita que o FunZone vai ajudar a povoar e a expandir, sobretudo a vila, que também não tem condições para albergar tanta gente.
Acredita ainda que impulsionará o rejuvenescimento da população numa zona envelhecida em que uma parte significativa dos 6.000 residentes são idosos.
O responsável pelo projecto, Chaby Rodrigues, disse à Lusa que pretende recrutar pessoal por toda a Europa e que condição obrigatória para trabalhar neste empreendimento será falar, pelo menos duas línguas, à cabeça o inglês.
Assegura que «as pessoas serão recrutadas por mérito próprio e pelas suas qualificações».
«Nada de cunhas», afirmou.
Lança, contudo, o repto à população local: «têm quatro anos para se qualificarem», referindo-se ao prazo previsto para a execução do projecto.
O empresário justifica o anúncio ainda numa fase precoce do projecto «exactamente para dar tempo às pessoas para se prepararem» e já fez contactos com o IEFP para disponibilizar formação adequada às necessidades.
Chaby Rodrigues promete a quem vier a ocupar os postos de trabalho ordenados acima da média nacional e muito superiores ao salário mínimo.
«Vamos pagar entre 20 a 25 mil euros/ano de ordenado médio na empresa», afirmou, um valor próximo dos 1700 euros mensais.
Segundo disse, dentro de alguns meses estarão no terreno a trabalhar 200 técnicos de várias especialidades para começarem a desenvolver o projecto, que vai entrar na fase de elaboração dos planos de pormenor e estudos de impacte ambiental e geológicos.
Nenhum dos técnicos é da região, de acordo com o empresário, que disse ter tido necessidade de recrutar especialistas em diversos países, desde a Inglaterra, Holanda à China.