A confusão instalou-se, ontem, em Vila Real e Bragança, dando logo azo a suspeições e troca de acusações. Tal como o JN noticiou, ontem, o anúncio do Governo para o concurso público da auto-estrada transmontana (futura A4) contava com quatro troços portajados, entre os distritos de Vila Real e Bragança (apanhando toda a gente de surpresa), estando isento o tráfego local em dois deles (informação disponível em www.portaldeempreitadas.pt).
Ontem, em Diário da República, foi publicado que, afinal, só dois terão portagens. Após a troca de informações e acusações da Oposição, o Governo disse que, afinal, o anúncio, da responsabilidade da Estradas de Portugal, está errado e que, depois de amanhã, será publicada o correcto, em jornais nacionais.
Segundo o Diário da República, os dois troços com portagens, numa extensão de 14 quilómetros, serão entre Parada de Cunhos (Vila Real) e o nó da A24, numa extensão de sete quilómetros, e entre os nós de Bragança poente e nascente, também com sete quilómetros. Simplificando, os perímetros das duas cidades serão portajados. As vias locais serão alternativa, diz o Governo, para quem não quiser pagar.
Mais duas
Ora, o anúncio, o tal que estará errado, segundo o Governo, dava como certas portagens também no nó da A24 com o de Vila Real nascente (quatro quilómetros) e o nó de Bragança nascente e Quintanilha (14 quilómetros), excepto tráfego local. Ricardo Martins, um dos deputados que, anteontem, denunciou as quatro portagens na futura A4, não tem dúvidas \"Não acho que tenha sido um erro. A verdade é que a intenção de portajar os quatro troços está escrita, preto no branco, no anúncio original do concurso. O Governo tem de explicar cabalmente esta diferença entre os dois documentos\".
Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, reafirmou, ontem, em Vila Real, a posição do Governo em portajar \"só\" dois troços, lançando críticas aos contestatários às portagens, pedindo \"um pouco mais de atenção\" aos que se \"precipitam a falar\".
Esclareceu, ainda, que, como já se sabia, \"vão ser introduzidas portagens entre o túnel do Marão (que fará a ligação de Amarante a Vila Real)\", e depois (o que já não se sabia) \"o prolongamento até à intersecção com a A24, e entre os nós junto à cidade de Bragança. Cada troço com portagens terá \"sete quilómetros\" e, segundo o ministro, \"nos dois casos existem vias alternativas\".
\"A ligação por auto-estrada entre os nós de acesso, na zona de Bragança é, sobretudo, feita pelo tráfego internacional, não sendo, portanto, portagem que afecte a população\", continuou, assegurando \"A ligação entre Vila Real e Bragança não terá portagem, tal como entre Bragança e Quintanilha\".
* com Ana Carla Rosário e Paulo Ferreira
\"Auto-estrada da justiça\" contestada por empresários
F az hoje uma semana, o primeiro ministro esteve no distrito de Bragança a anunciar a \"viragem\" o \"princípio do fim do isolamento\" dos distritos de Vila Real e Bragança, a \"prioridade das prioridades\" do seu Governo. José Sócrates até lhe chamou a \"auto-estrada da justiça\". Isto, anos e meses depois, além de Sócrates, também o ministro Mário Lino prometerem SCUT (estradas sem custos para o utilizador) em toda a extensão da futura auto-estrada transmontana (que aproveitará cerca de 80% do actual IP4). Mas, um dia depois de se saber que, afinal, a futura A4 vai ser portajada, Pedro Silva Pereira, ministro da presidência, criticou quem contesta as portagens, acusando-os de \"precipitados\". Mas, tal como os de Vila Real, também os empresários de Bragança temem que as portagens afastem a região da rota do tráfego de veículos pesados, que poderá ser preterida por Vilar Formoso ou Chaves. Com uma possível alteração da rota de pesados, Bragança perde, no entender do empresário Luís Portugal, \"porque muitos dos automobilistas que passam param para dormir e comer\". Também o presidente do Nerba-Associação Empresarial do distrito de Bragança, Rui Vaz, considera que \"não terão sentido portagens numa região pobre e com tecido empresarial em desenvolvimento\". Critica a sua colocação numa zona sem alternativas e defende que \"a circulação deve ser salvaguardada\".