A ideia de imprescindibilidade dos dois canais de televisão enquanto serviço público e o reconhecimento da necessidade de restruturação e \"saneamento\" das contas da RTP voltaram a dominar mais um debate realizado em Bragança em torno do serviço público de televisão, desta feita promovido pelos funcionários da RTP- Bragança, no passado dia 10.
Fátima Torres, da RTP Porto, veio á capital nordestina reconhecer \"a responsabilidade da RTP para com o público\", começando por admitir que com advento das televisões privadas \"se calhar a RTP não respondeu com a exigência\" esperada. \"Em vez de tentarmos melhorar o nosso modelo tentamos imitar o dos outros\", denuncia a jornalista, acrescentando que \"normalmente, as cópias são mais fracas do que os originais\". A \"distorção\" do \"cativar\" e a \"pressão da concorrência\" são algumas das referências de que se serve para explicar \"o grau de degradação muito grande\" a que se chegou no audiovisual, onde se por um lado a televisão pública tem o \"peso político de ser estatal\", a privada tem o \"peso do factor financeiro\", ressalva.
Fátima Torres revelou-se favorável à atitude do Governo no sentido do \"saneamento das contas da RTP\", e concordou com a necessidade de \"corrigir muitas coisas\" e \"redimensionar\" outras, e aponta como caminho para saída da crise da RTP a persecução de \"um cunho de qualidade\" com o \"equilíbrio\" e o \"bom senso\" a serem referidos frequentemente pela jornalista, que defende a manutenção dos dois canais da RTP.
O debate ficou marcado por algumas intervenções que advertiram para a questão da publicidade, da dívida do Estado à RTP, para o papel pedagógico da estação pública e para o cumprimento ou não por parte da RTP de verdadeiro serviço público. Fátima Torres comentou todas as intervenções mas acabou por considerar como \"maior risco\" para a RTP neste momento a possibilidade de \"alienação\" da sua filmoteca, \"património de valor incomensurável\", que contém a \"história do país\".
Quanto à publicidade, a jornalista frisou que se a RTP abdicar dela, \"quem vai pagar mais são os contribuintes\".