A Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) está a sensibilizar os caçadores a submeterem os javalis abatidos a inspecções sanitárias para assegurar a segurança alimentar no consumo da carne.
A ideia é enviar os animais caçados para os matadouros da região, no sentido de serem efectuadas colheitas de sangue para detectar doenças. Com estas medidas, a DRATM pretende garantir a qualidade e a segurança na confecção de pratos de caça nas unidades de restauração.
Para sensibilizar os caçadores para a questão da segurança alimentar, a DRATM já reuniu com a Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética, um organismo que congrega diversos clubes de caça e associações de caçadores da zona Norte.
Em termos práticos, o pontapé de saída já foi dado nas montarias realizadas, esta semana, em Rebordaínhos e Babe, no concelho de Bragança, em que os javalis abatidos foram inspeccionados no matadouro da sede do município, sendo acompanhados por responsáveis da DRATM.
Até à data, bastava uma pré-inspecção na presença de um médico veterinário para autorizar o consumo da carne. Agora, a DRATM pretende efectuar análises mais aprofundadas para reforçar a segurança alimentar. \"Levando os animais ao matadouro faz-se uma colheita de sangue que permite detectar doenças e tomar medidas para as combater, protegendo, assim, a fauna cinegética\", sublinhou o subdirector regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Francisco Neto.
Sistema em marcha em Janeiro e Fevereiro
Neste sentido, as nove peças abatidas em Rebordaínhos e Babe foram identificadas com um selo numa das patas e enviadas para o matadouro de Bragança, após o tradicional leilão de javalis. Feita a colheita de sangue e as respectivas análises, as carcaças foram esfoladas, limpas e embaladas. \"Em apenas duas horas foram entregues aos donos com a garantia de poderem ser consumidas com segurança\", acrescentou Francisco Neto.
A mesma prática foi seguida numa montaria realizada em Candedo, no concelho de Vinhais, sendo certo que até Fevereiro do próximo ano a DRATM vai desdobrar-se em contactos com as associações de caçadores para ter o sistema em marcha na época forte das montarias, que tem lugar em Janeiro e Fevereiro. Este último mês é particularmente fértil na caça ao javali, dada a realização do Encontro e Reencontro Venatóriso, que reúnem várias centenas de caçadores.
A montaria de Rebordaínhos foi organizada pelo Clube de Monteiros do Norte (CMN), cujo presidente, António Vilela, também defende a inspecção dos javalis nos matadouros. \"Há uma directiva comunitária que vai obrigar os javalis abatidos a passarem pelo matadouro e, antes que essa directiva entre em vigor, é melhor começar a consciencializar os sócios e outros participantes a aderirem ao controle sanitário das
espécies\", explicou o dirigente.
Desta forma, a montaria de Rebordaínhos foi precedida de uma acção de esclarecimento em que a DRATM e o CMN explicaram aos participantes as razões do envio das peças de caça para o matadouro de Bragança.