Três licenciados de Vila Real revelaram hoje à Lusa que querem produzir geobetão - um cimento inovador, mais ambiental e resistente - a partir da reciclagem de resíduos de construções e demolição na região Norte.
A ideia da primeira empresa da Região Norte de reciclagem de inertes partiu de Luís Reis, Sofia Neto e Patrique Alves, recém-licenciados em Engenharia Ambiental pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Margarida Correia Marques, coordenadora da campanha de sensibilização e educação ambiental «Douro Limpo», que está a ser promovida na região Património Mundial da Unesco, tem alertado para a falta de soluções para a deposição de resíduos de construções e demolições.

São várias as zonas de despejo que se encontram pelas bermas das estradas e montes, um pouco por toda a região transmontana e duriense, onde, para além dos entulhos resultantes construções e demolições, há ainda os designados «monstros domésticos», designadamente frigoríficos, fogões e mobiliário.

Luís Reis disse à Lusa que, através do programa FINICIA do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), conseguiram um financiamento de 3.000 euros para a elaboração de plano de negócios que deverá estar concluído até ao final do ano.

Se tudo correr bem, o responsável admite que a empresa poderá «abrir as portas no decorrer do próximo ano» com um «investimento mínimo previsto de 500 mil euros».

Os jovens contam, tamnbém, com o apoio do Gabinete de Apoio à Propriedade Industrial da UTAD.

Luís Reis explicou que pretendem receber resíduos de construções e demolições, que, depois de sujeitos a uma triagem, serão reciclados e transformados em areias, britas ou geobetão, que são materiais usados na construção civil.

A «grande inovação» é o geobetão, um tipo de cimento que, segundo Sofia Neto, é «mais ambiental porque é feito só a partir de materiais virgens» e também «mais resistente».

Sofia Neto diz ainda que, através deste processo, «são mais reduzidas as emissões de dióxido de carbono».

A responsável referiu que o geobetão, elaborado em parceria com a UTAD, foi criado, numa fase experimental, a partir das areias das escombreiras das minas, tendo já sido testado em obras «com resultados muito positivos».

A localização da futura empresa ainda está a ser estudada mas os jovens empresários estimam que venha a receber cerca de 130 toneladas de entulhos por dia.



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