O geoparque de Macedo de Cavaleiros passou na avaliação da UNESCO e mantém o selo atribuído há quatro anos pela diversidade cultural e riqueza geológica desta zona do Nordeste Transmontano, informou o presidente da Câmara.
O autarca Benjamim Rodrigues adiantou à Lusa que o município já teve a confirmação oficial da UNESCO, o organismo das Nações Unidas para a Ciência, Cultura e Educação, de que o Geopark Terras de Cavaleiros mantém a classificação depois de uma reavaliação do estatuto concedido em setembro de 2014.
De quatro em quatro anos, um júri internacional reavalia localmente as condições que levaram à integração na rede mundial de geoparques e, na primeira feita em Macedo de Cavaleiros, conclui que se mantém os pressupostos iniciais.
“Para nós é motivo de gáudio e de orgulho, durante quatro anos continuaremos a ser um dos geoparques globais e internacionais”, afirmou o presidente da Câmara.
Apesar de alguns receios locais no processo de reavaliação que decorre desde 2018, Benjamim Rodrigues conclui que os observadores constataram que Macedo de Cavaleiros tem “mantido a atividade que valoriza o território, o funcionamento dos principais geossítios com qualidade e informação a condizer e, essencialmente, o valor geológico e também a tradição e a cultura”.
Pertencer à rede mundial de geoparque envolve, como explicou, “uma séria de condições como a parte turística, trabalhar com as populações locais e produtos da região”.
O município tem desenvolvido ao longo dos últimos anos “atividades contínuas, essencialmente temáticas, usando guias especializados, competentes para a divulgação dos geossítios, podendo fazer explicações concretas sobre os territórios”, segundo o autarca.
A zona tem despertado o interesse nacional e internacional com grupos a visitarem a região, alguns dos quais universitário.
Estas visitas permitem, no entender do autarca, que vá sendo feita a divulgação da riqueza do território, da gastronómica e dos trilhos com várias organizações de percursos pedestres também com guias.
O concelho de Macedo de Cavaleiros é o que tem em Portugal o maior número de trilhos certificados, 24 concretamente, alguns em parceria com concelhos vizinhos e que podem ser desfrutados por grupos interessados, bastando fazer o pedido ao Geoparque.
“O facto de ter a marca geoparque, em termos internacionais, quando temos visitantes estrangeiros verificamos que as pessoas identificam a marca, é uma marca internacional, credenciada, é logo um garante de qualidade o selo da UNESCO”, afirmou.
Reconhece, todavia, que a marca “tem mais influência por parte dos nossos visitantes estrangeiros do que propriamente nos nacionais”.
Em termos locais, a maior adesão ao conceito verifica-se por parte dos jovens, “porque foi criada, inclusive, uma disciplina que versa sobre os geoparques, é única no país”, faz parte do currículo escolar do 8.º ano para os alunos melhor conhecerem o território.
Nos percursos pedestres e passeios pelo Geopark Terras de Cavaleiros há a oportunidade de poder conviver com as comunidades locais, ver e participar na confeção de um pão tradicional artesanal, no fabrico do queijo e numa “série de experiências únicas”, como apontou o autarca.
Neste aspeto, a comunidade local consegue sentir retorno com uma dinamização do comércio “já com alguma relevância para as populações e ajuda na sua economia”, garantiu o presidente.
“Quando visitam o território, a padeira D. Maria Luísa ela vende tudo o que faz com uma facilidade, as pessoas vão de propósito comprar à aldeia (de Lagoa), mas podemos falar dos queijos, das compotas, dos doces, dos azeites”, sustentou
O Geoparque Terras de Cavaleiros tem quase 700 quilómetros quadrados e guarda um “singular património geológico que dá a oportunidade de percorrer milhões de anos na história da Terra”.
O Maciço de Morais, apelidado de “umbigo do mundo” pelos geólogos, apresenta vestígios de dois continentes e de um oceano desaparecidos e envolvidos na formação daquela cadeia de montanhas há mais de 280 milhões de anos, muito antes dos dinossauros, quando os dois continentes chocaram e empurraram a placa oceânica do fundo do mar que os separava.