Um militar da GNR e um grupo de bombeiros de Torre de Moncorvo envolveram-se em confrontos durante um incêndio terça-feira, o que já motivou a abertura de um processo disciplinar na guarda e queixas em tribunal.

O comandante distrital da GNR em exercício, Sá Pires, disse ontem que aquela corporação abriu quarta-feira um processo disciplinar para averiguações ao militar envolvido e enviou o relatório do incidente para o Ministério Público.

A fonte acrescentou que o militar, com cerca de 50 anos, já apresentou queixa contra os bombeiros. O segundo comandante dos bombeiros de Torre de Moncorvo, Manuel Almeida, disse à Lusa já ter também apresentado «queixa [contra o militar da GNR] por ofensas corporais».

Manuel Almeida fez questão de realçar que «não se trata de uma desavença» entre duas entidades - GNR e bombeiros - mas de uma situação que envolveu «um indivíduo que na altura do ocorrido era apenas um civil para os bombeiros».

O caso ocorreu na noite de terça-feira, durante um incêndio que lavrava na zona de Torre de Moncorvo, no sul do distrito de Bragança, próximo de terrenos do militar, que presta serviço no posto local da GNR. Segundo descreveu o comandante da guarda, «com a preocupação de ver os terrenos a arder e no stress da situação, o militar começou a discutir com os bombeiros».

O guarda, acrescentou o comandante, «diz ter sido empurrado por um bombeiro, dirigindo-se de seguida ao jipe, onde foi buscar um chicote». Segundo o relato do guarda ao comandante o militar «terá sido agarrado por outros quatro bombeiros que se encontravam no local e que lhe terão batido».

O segundo comandante dos bombeiros contou que os seus homens «andavam a combater o incêndio quando foram abordados pelo indivíduo, que começou a proferir palavras menos dignas, depois de vários insultos».

O responsável dos bombeiros adiantou que o militar «pretendia que os bombeiros fossem apagar o fogo nos seus terrenos quando não era essa a prioridade operacional». Manuel Almeida contou ainda que, «perante os insultos e a proximidade física, um dos bombeiros empurrou o militar, que foi buscar um chicote ao carro, com o qual bateu num dos bombeiros». Ainda de acordo com o comandante, perante esta situação, os restantes bombeiros «reagiram».

O comandante dos bombeiros escusou-se a falar sobre as consequências físicas da desavença, enquanto o comandante da GNR alega que o militar apresenta lesões num pulso e escoriações. Manuel Almeida não comentou o conteúdo de uma denúncia, que o comandante da GNR, Sá Pires, disse ter recebido, segundo a qual o militar teria ameaçado os bombeiros com uma pistola.

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Governador Civil pede relatório

Em declarações feitas ontem à Agência Lusa, o governador civil do distrito de Bragança, Jorge Gomes, disse que, enquanto responsável máximo distrital pelas forças de segurança e protecção civil, pediu um relatório do sucedido e esclarecimentos às duas entidades envolvidas.



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