Não se sabe se o facto do secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva, ser transmontano influencia o \"tratamento\" que o Governo dá aos problemas que a região tem neste campo. Mas, para já, vão sendo feitas algumas inaugurações e vão sendo deixadas também novas promessas.
Numa visita aos hospitais de Vila Real e Peso da Régua, no passado dia 19, Adão Silva, prometeu o \"alargamento da capacidade do centro de oncologia\" que, segundo ele, \"terá um dos serviços de ponta de radioterapia\".
O objectivo do Governo é fazer do hospital vila-realense \"uma referência em todo o interior Norte\". Mas para isso, frisou o governante, \"é necessário intervir seguindo dois planos de acção: corrigir o que está mal e introduzir novas valência e novos serviços\". Um destes novos serviços será na área da radioterapia. A preparação nesse sentido decorrerá em 2003. O projecto, que envolve um investimento de 10 milhões de euros e contemplará a obra e a instalação de equipamentos, poderá ser concretizado no ano de 2004. E Adão Silva espera que em 2005 este serviço possa arrancar, inserido na Rede de Referenciação Hospitalar e Oncologia. O projecto será co-financiado em 75 por cento pelo FEDER e os restantes 25 por cento serão fundos nacionais. Será então possível servir cerca de 450 mil transmontanos e alto durienses, assim como utentes de outros locais de país, encurtando listas de espera. Desta forma, a nova valência do Hospital de Vila Real sairá dos grandes centros, já que actualmente a radioterapia aplicada existe somente em unidades de Lisboa, Porto e Coimbra.
Uma grande \"nódoa negra\" do Hospital de Vila Real é a cozinha, que foi encerrada há algum tempo pela Delegação de Saúde de Vila Real por falta de condições de higiene. Actualmente, as refeições estão a ser confeccionadas no Regimento de Infantaria 13. Esta situação, como reconheceu Adão Silva, \"não pode ser aguentada muito mais tempo\". Por isso, o governante prometeu a construção de uma nova cozinha. O início das obras, que custarão ao Estado cerca de 2,4 milhões de euros, está previsto para o segundo semestre do próximo ano. A sua conclusão deverá acontecer em 2004.
Régua fica com «esperança»
Por sua vez, no Hospital da Régua serão investidos cerca de 250 mil euros. Nesta unidade, que actualmente tem apenas quatro clínicos, Adão Silva diz que se deverá ter \"esperança\". \"Conti-nuamos a apostar na revitalização do Hospital da Régua, uma revitalização funcional e operativa, não se limitando a ser um hospital de retaguarda\", disse o governante. No entanto, assume que, \"se nada for feito, o Hospital D. Luís I terá uma morte inapelável\". Adão Silva afirmou que quer ver o Hospital da Régua \"verdadeiramente emparceirado\" com o Hospital de Vila Real, \"até porque fazem parte do mesmo corpo jurídico e institucional e porque constituem, juntos, um centro hospitalar, uma empresa hospitalar\".
Num futuro próximo, a Telemedicina será também uma aposta. Para isso, será criada uma rede de comunicações apropriada, de modo a que as informações possam circular \"com qualidade e rigor\". Este projecto vai ser financiado através do programa INTERREG. Será lançado um \"desafio\" à Universidade de Vila Real para participar neste projecto, devido ao seu conhecimento e ao seu saber na área da informática.
Macedo vai ter novo Centro de Saúde
Vai ser construído um novo Centro de Saúde em Macedo de Cavaleiros, num terreno próximo do Hospital. E o actual Centro vai servir para a ampliação do serviço de oncologia. O anúncio foi feito na passada sexta-feira pelo secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva.
A unidade de oncologia já não corre o risco de sair de Macedo. A eventual saída do médico Pedro Santos para o Hospital de Faro está suspensa até estar resolvido o problema da vinculação de um oncologista ao Hospital Distrital de Macedo de Cavaleiros. A solução pode até passar pelo próprio clínico, que já manifestou interesse em continuar, desde que lhe sejam criadas condições de vínculo ao quadro do Hospital. Para isso, vai ser necessário alterar o quadro desta unidade de saúde. Isto porque para ser aberto concurso para um médico daquela especialidade terá de ser sacrificado um lugar de cirurgião, vago no quadro. Segundo Adão Silva, esta \"é a única forma legal de resolver o problema definitivamente\".
A medida destina-se a responder à \"procura crescente\" que se tem verificado por parte da população do distrito. Prevê-se a realização de 2000 consultas por ano nesta área. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu \"redefinir um protocolo com o Instituto Português de Oncologia (IPO) - agora Empresa Hospitalar, SA - que permitirá \"manter ou mesmo ampliar a colaboração através dos métodos da telemedicina\".
Para fazer face a este \"desafio\", Adão Silva diz que \"é necessário ampliar o espaço existente, dando-lhe uma estrutura definitiva\". A unidade de oncologia irá assim ocupar o Centro de Saúde, cujas instalações, com uma área de 1100 metros quadrados, já não respondem satisfatoriamente às actuais necessidades de cuidados primários. Por sua vez, irá ser construído, em terreno próximo do hospital, um novo Centro de Saúde com uma área de 1520 metros quadrados. A aquisição do terreno será garantida pela Câmara Municipal, enquanto a construção e o equipamento serão da responsabilidade do Ministério da Saúde. O projecto será feito no próximo ano. Adão Silva aponta 2004 como data para o lançamento da obra, que deverá ficar pronta em 2005 e custará aproximadamente três milhões de euros.
O novo presidente do conselho de administração do IPO, Empresa Hospitalar, SA, Artur Osório, empossado no passado dia 17, vindo do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, ainda está a fazer os primeiros contactos com os dossiês, mas a sua experiência com os doentes do foro oncológico permitem-lhe afirmar que \"é um imperativo e um avanço muito grande formar e dar apoio à primeira unidade do Nordeste Transmontano.\" Na sua opinião, este intercâmbio \"é mais cómodo, pois evita-se o transporte de doentes pelo IP4, e é mais económico para o Estado\". O clínico quer \"colaborar não só com os hospitais, mas também com os cuidados primários, para prevenir\".
O coordenador da Administração Regional de Saúde de Bragança, Fernando Subtil, congratulou-se com \"a criação do décimo Centro de Saúde do distrito no prazo de três anos\". Em Macedo \"preocupava-o\" o facto da unidade de cuidados primários estar \"distribuída por serviços dispersos\", um deles instalado num pré-fabricado. Na sua perspectiva, esta situação, a manter-se, iria gerar \"custos de manutenção insuportáveis\".
Novas extensões de saúde em Murça
As freguesias de Fiolhoso e Candedos têm, desde o passado dia 20, extensões do centro de saúde de Murça. A inauguração contou com a presença do secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva. Este investimento, orçado em cerca de 30 mil contos, foi possível com o esforço da Sub-região de Saúde de Vila Real, da Câmara Municipal de Murça e das duas juntas de freguesias, que colaboraram com a cedência dos terrenos e arranjos do espaço exterior envolvente.
As extensões de saúde agora inauguradas vieram substituir dois pré-fabricados com cerca de 20 anos, \"que não reuniam as condições mínimas para satisfazer as necessidades das populações\", e darão cobertura a sete aldeias, no caso de Fiolhoso, e a cinco em Candedo, servindo desta forma cerca de 1500 utentes em cada uma das freguesias.
O coordenador da Sub-região de Saúde, Álvaro de Sousa, defende que a construção das duas unidades \"se justifica perfeitamente, dadas as dificuldades de deslocação e as acessibilidades e ainda devido ao facto das populações em causa serem muito envelhecidas\".
O presidente da Câmara Municipal de Murça, João Luís Teixeira, gostaria de colocar em prática projectos do género noutras freguesias, como é o caso de Noura e Jou, para que também aí as populações pudessem usufruir de um melhor atendimento médico. Segundo o autarca, em Noura é necessário arranjar instalações, que serão cedidas no Centro Cultural, \"de modo a que possa haver de novo consultas e tratamentos primários naquela freguesia\". O investimento será suportado exclusivamente pelo município. Em Jou, a situação é \"mais urgente\", uma vez que a extensão de saúde se encontra instalada num pré-fabricado, sendo a proposta no sentido de construir uma infra-estrutura idêntica às de Candedo e Fiolhoso. Quanto a esta situação, Álvaro de Sousa explicou que \"embora a política actual não seja de concentração, dada a carência de recursos humanos, a Sub-região de Saúde está a fazer os possíveis e os impossíveis para manter as extensões a funcionar, não só em Murça mas em todos os outros 13 concelhos do distrito\".
A inauguração da extensão de Fiolhoso serviu ainda para João Luís Teixeira trazer à memória uma promessa feita em Junho por Adão Silva referente à atribuição de uma ambulância do INEM aos Bombeiros Voluntários de Murça. \"Garantia total\" foi a resposta de Adão Silva, que afirmou ter \"pena\" pelo atraso em relação à promessa assumida. O governante esclareceu que, segundo as informações que tem, este é \"um atraso virtuoso\", ou seja, que se prende com \"a melhor qualidade da ambulância\".
Adão Silva aproveitou ainda para fazer uma breve visita às obras do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Murça, que, segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia da localidade, apesar de estarem a ter um \"bom andamento\", sofreram algumas alterações no projecto para que, \"fazendo um melhor aproveitamento do espaço, seja possível a instalação de mais vinte camas\".