O secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, anunciou hoje que durante este ano está garantido o encargo com os transportes alternativos ao comboio na Linha do Tua, entre Mirandela e o Tua, distrito de Bragança.

"A CP vai suportar esse encargo no horizonte temporal de um ano", afirmou Guilherme W. d'Oliveira Martins à Lusa, no final de uma reunião com o presidente da Câmara de Mirandela, que decorreu em Lisboa.

Com esta garantia fica assegurada a mobilidade dos cidadãos, o que "muito satisfaz" o autarca de Mirandela, António Branco, que na quarta-feira afirmou que iria parar os transportes alternativos já no sábado por falta de financiamento do Governo.

"O secretário de Estado assumiu o custo do pagamento [da verba em atraso] e a manutenção do pagamento, através da CP, durante este ano", disse à Lusa o autarca António Branco, acrescentando ficar "muito satisfeito", porque a mobilidade era a sua "grande preocupação" de momento.

Na quarta-feira, o autarca social-democrata explicou que, desde janeiro, a Câmara já acumulou uma dívida superior a 80 mil euros por a CP ter deixado de pagar os 20 mil euros mensais de um acordo anterior e por o Governo não ter avançado com uma solução para garantir o transporte.

Guilherme W. d'Oliveira Martins referiu também que, durante este ano, decorre em simultâneo o trabalho entre o Governo e vários autarcas da região para encontrar uma solução definitiva, que poderá passar "por entregar [o transporte] a um operador".

"A solução está ainda em aberto", frisou o governante.

António Branco já anteriormente foi obrigado a tomar posição idêntica por falta de resposta das entidades oficiais para os custos deste serviço às populações servidas antigamente pelo comboio.

Se o metro parar entre Mirandela e o Cachão, e os táxis deixarem de circular do Cachão ao Tua, as populações ribeirinhas do Tua ficam sem qualquer tipo de transporte público para se deslocarem, por exemplo às sedes de concelho, ou apanharem o comboio da Linha do Douro, que liga ao Porto.

A situação arrasta-se há oito anos, desde que foi suspensa a circulação na maior parte da Linha do Tua, devido a quatro acidentes com outras tantas mortes em dois anos, e a CP passou a assegurar transporte alternativo em táxis às populações, um serviço que acabou por ser assumido pelo município, através da empresa do Metro, há quatro anos com uma compensação mensal.

O metro circula entre Mirandela e o Cachão e o restante percurso é assegurado por táxis.

As soluções têm sido apontadas como provisórias até estar concluído o plano de mobilidade prometido como contrapartida pela construção da barragem do Tua, que está praticamente concluída ainda sem o projeto dos transportes executado.

O plano tem uma vertente de transporte turístico e quotidiano, que inclui viagens de barco na albufeira, que deve começar a encher este ano, até à Brunheda, e a recuperação da antiga ferrovia da Brunheda até Mirandela.

A EDP disponibilizou 10 milhões de euros para o projeto que tem vindo a sofrer alterações e que ainda não tem data conhecida para a execução.

Em comunicado enviado hoje à Lusa, Os Verdes afirmam que, em reunião que tiveram hoje com o secretário de Estado das Infraestruturas, "no quadro das conversações que o PEV vai mantendo com o Governo, no âmbito desta nova maioria parlamentar", exigiram uma solução de imediato para continuar a assegurar os transportes alternativos às populações, mas também "que sejam apuradas as responsabilidades, relativas à imputação dos custos destes transportes".

"Custos que Os Verdes relembram, ficaram imputados à EDP no quadro das condicionantes da DIA (Declaração de Impacte Ambiental) que deu o aval à construção da barragem", sustenta o partido.

Refere ainda que Guilherme W. d'Oliveira Martins "partilhou da preocupação de Os Verdes em relação à necessidade de garantir a manutenção dos transportes à população e manifestou o seu empenho em garantir uma solução para tal, concordando também com a necessidade de se apurar responsabilidades sobre a matéria em apreço".
Lusa



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