A questão do encerramento da Linha do Tua foi levantada, por diversas vozes, na região transmontana, no próprio dia do fatídico acidente com uma automotora, no qual perderam a vida três pessoas.

Agora, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, admite essa possibilidade, lembrando que \\"a Linha do Tua tem 100 passageiros por dia e uma utilização da capacidade disponível de 17%\\". Questionada por diversas vezes, ontem, no Parlamento, a governante disse, ainda, que são \\"aguardados os resultados dos estudos da REFER e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre o acidente\\".

Estas respostas não agradaram aos autarcas locais e, nomeadamente, ao presidente da Câmara Municipal de Mirandela, o social- -democrata José Silvano, que tem sido um dos mais activos defensores da manutenção da linha. O autarca recorda que \\"a decisão será sempre política e não técnica. Os relatórios que estão a ser produzidos não apontam responsabilidades nem à CP, nem à REFER, nem ao Metro, nem a ninguém. Não percebo que agora a secretária de Estado se escude nos inquéritos\\". José Silvano lembra, ainda, que \\"a EDP tem intenções de construir uma barragem na foz do Tua, que fará com que a linha fique submersa até ao Cachão. Logo no dia do acidente, eu disse que o Governo podia aproveitar esse acontecimento trágico para equacionar a hipótese de encerramento\\", recorda.

Silvano garante que \\"a linha não é rentável, porque os comboios só circulam em horários já pré-estabelecidos para não terem passageiros e porque nunca foi feito o aproveitamento turístico da linha\\".

Recorde-se que, em 1997, no Governo de António Guterres, foi assinado um acordo entre o Estado, a CP, a REFER e as autarquias de Mirandela, Murça, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Alijó, que formavam a empresa Comboios do Tua, SA, com vista à exploração turística da linha, com uma comparticipação anual do Estado de 300 mil euros. Mas esse foi mais um projecto para a região que nunca saiu do papel.



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