A secretária de Estado do Turismo anunciou hoje um plano de ação para o enoturismo que aposta na formação, qualificação do produto e divulgação para afirmar Portugal como um destino mundial de referência neste setor.
“O objetivo com este plano de ação é que Portugal seja um destino ‘must see’ (obrigatório ver) em termos de enoturismo”, afirmou Ana Mendes Godinho à agência Lusa.
A governante explicou que o plano se desenvolve em vários eixos: a qualificação do produto (restaurantes, alojamento, adegas ou produtores de vinho), formação e capacitação de pessoas, um calendário de eventos e organização de missões de jornalistas e operadores turísticos a Portugal, bem como a digitalização da oferta e criação de uma plataforma 'online' nacional.
Ana Mendes Godinho especificou que as ações de formação deverão começar no primeiro semestre deste ano, devendo abranger cerca de 1.600 pessoas que ficarão com formação específica nesta área.
Na plataforma, que está em fase de desenvolvimento, estará concentrada toda a oferta de enoturismo a nível nacional que cumpra os requisitos definidos.
“Permitirá também passarmos a ter uma visibilidade 'online' e capacidade de reserva 'online', um dos pontos identificados como uma das falhas que Portugal tem, ou seja, que não temos essa oferta disponível 'online' de uma forma estruturada e que a procura consiga facilmente identificar”, referiu.
O plano de ação envolve as entidades regionais de turismo, a ViniPortugal, a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) e a Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal (ARVP).
“Também é uma forma de articular todos os ‘players’ do enoturismo, que era também um dos pontos fracos que identificámos no âmbito da construção desta estratégia para o enoturismo”, afirmou Ana Mendes Godinho.
O trabalho de prospeção do setor está a ser feito há cerca de seis meses por uma equipa do Turismo de Portugal, quer a nível interno e de avaliação da oferta nacional, mas também em termos de comparação com outros destinos internacionais.
Neste âmbito, foi realizada uma “missão de reconhecimento” a África do Sul para ver como aquele país estruturou o produto e se afirmou internacionalmente como um destino de referência.
A secretária de Estado disse ainda que o enoturismo “já representa cerca de 10% da procura para Portugal”.
“Temos cerca de 2,2 milhões de visitantes por ano que já têm como motivação principal ou complementar o enoturismo e gastronomia, que estão muitas vezes associados”, referiu.
Os principais mercados emissores destes turistas para o nosso país são o Reino Unido, Brasil, Estados Unidos da América (EUA) e a China.
Em todo o país existem cerca de 260 unidades de enoturismo e, em 2018, foram produzidos 1.870 artigos internacionais sobre esta temática.
“A ambição com este plano é que consigamos, de facto, afirmar o enoturismo também como um instrumento de comunicação e de promoção de Portugal. E o objetivo é chegarmos aos 10.000 artigos internacionais anuais dedicados ao enoturismo em Portugal”, frisou.
O plano de ação inclui ainda a realização, em 2020, em Reguengos de Monsaraz (distrito de Évora), da 5.ª Conferência Mundial de Enoturismo, promovida pela Organização Mundial de Turismo (OMT).
Ana Mendes Godinho lembrou que, no âmbito do programa Valorizar e do Portugal 2020, foram já apoiados 36 projetos com 35 milhões de euros, que alavancaram investimentos no valor de 60 milhões de euros. Estes projetos visam a capacitação e qualificação do produto.
A governante elencou as “boas notícias” que “destacam o enoturismo como um grande instrumento de promoção de Portugal” e deu como exemplo a Wine Enthusiast, revista vitivinícola de referência internacional, que elegeu a região dos vinhos de Lisboa para o seu top 10 do enoturismo mundial para 2019.
A apresentação formal do plano de ação para o enoturismo é feita hoje à tarde na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).