Depois do encerramento da maternidade de Mirandela, triplicou o número de mulheres do distrito de Bragança que preferem a maternidade de Vila Real para ter os seus filhos.
Recorde-se que a sala de partos de Mirandela encerrou, por despacho do ministro da Saúde, em Setembro de 2006, ficando o Centro Hospitalar do Nordeste Transmontano - que engloba as unidades de saúde de Mirandela, Bragança e Macedo de Cavaleiros - apenas com uma sala de partos, na cidade de Bragança.
Desde o encerramento da sala de parto de Mirandela até ao final de 2006, 72 mulheres do distrito de Bragança deram à luz em Vila Real, enquanto em igual período de 2005 apenas 21 o tinham feito.
Mirandela, com 34 bebés, Carrazeda de Ansiães, com nove, e Macedo de Cavaleiros, com seis, foram os concelhos que mais contribuíram para o aumento de partos no distrito vizinho, verificando-se o mesmo em praticamente todos os concelhos, menos Vimioso e Freixo de Espada à Cinta.
Se em alguns casos a distância é praticamente a mesma, como é o exemplo de Mirandela, que fica a cerca de 60 quilómetros das duas maternidades - Bragança e Vila Real -, existem outros em que claramente fica mais próxima a cidade de Bragança e, mesmo assim, optam por ter os seus filhos na sala de partos da unidade de saúde de Vila Real.
Segundo o comandante dos bombeiros voluntários de Mirandela, Carlos Ricardo, \"a maior parte das parturientes transportadas nas nossas ambulâncias decide ter os seus filhos em Vila Real, alegando que Bragança não tem grandes condições e também porque, se houver algum problema durante o parto, estão mais próximas do Porto\".
Ana Maria Sanches, residente em Torre de Moncorvo, teve o seu bebé em Vila Real, em Setembro, depois de ter dado entrada no serviço de urgência do hospital de Mirandela e lhe ter sido comunicado que iria ser transportada para a maternidade de Bragança.
O casal não aceitou, por considerar que \"Vila Real tem mais condições para a realização dos partos\", tendo de assinar um termo de responsabilidade por essa decisão.
Já Vera Azevedo, residente no Cachão, acabou por não ter tempo para ter o seu filho na maternidade, vindo mesmo a nascer na urgência do hospital de Mirandela, no passado mês de Novembro, mas posteriormente preferiu ser encaminhada para a maternidade de Vila Real.
Menos 189 partos
Em 2005, as maternidades de Mirandela e Bragança efectuaram 805 partos; em 2006, o número baixou para 616, sendo que, apesar de ter fechado em Setembro, a de Mirandela efectuou mais oito partos (312) do que Bragança.
Sampaio da Veiga, director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste Transmontano, admite que a diminuição tem a ver com a escolha de algumas grávidas, que eram servidas pela maternidade mirandelense. No entanto, reitera que a decisão de encerrar aquela sala de partos foi acertada.
Uma argumentação refutada pelo autarca de Mirandela José Silvano, que o leva a pedir a demissão da Administração do centro hospitalar, porque \"os números mostram que a decisão de encerrar a maternidade de Mirandela foi errada e não tenho dúvidas de que, a curto prazo, com este decréscimo, a próxima maternidade a encerrar será a de Bragança.\" FP