A greve dos professores pela Escola Pública chegou esta segunda-feira, 6 de fevereiro, ao distrito de Vila Real.
Professores, alunos, pais e encarregados de educação manifestaram-se na manhã de hoje em Chaves, deixando a maior parte das escolas sem aulas. Nesta manifestação estiveram presentes os Agrupamentos de Escolas Fernão de Magalhães, Júlio Martins e António Granjo de Chaves. Ao protesto juntaram-se também os Agrupamentos de Escolas de Valpaços, Gomes Monteiro (Boticas) e Dr. Bento da Cruz (Montalegre).
Na marcha estiveram presentes cerca de 800 pessoas que partiram do Largo do Terreiro da Cavalaria (Jardim do Bacalhau) e terminaram o protesto no Largo General Silveira.
E porque lutam os professores? - Desabafo de uma docente
"A opinião pública não consegue (ou não quer) perceber porque lutam os professores. Efetivamente, um horário completo de um professor são 22 horas letivas, mas que tem de ser complementado com muitas horas não letivas na escola e em casa. Só compreende o número de horas que um professor trabalha, quem efetivamente mora na mesma casa. Um funcionário de uma qualquer secretaria que passe oito horas em frente ao computador, está a trabalhar. Aos olhos da opinião pública, as mesmas horas feitas por um professor em casa não contam! A maior parte dos meus amigos gozam do fim-de-semana e eu passo a grande parte dos fins-de-semana a fazer e corrigir testes e fichas formativas e a preparar recursos para as aulas. Mas tem de ser assim, porque nem eu, nem nenhum professor com o mínimo de brio gosta de aparecer em frente a uma turma sem levar a aula preparada e adaptada ao nível da turma.
Os conteúdos programáticos mudam com os governos. Os programas são longos e exaustivos. Se quero ensinar melhor e dedicar mais tempo à consolidação de um conteúdo, sou chamada à atenção por não cumprir o programa! Se quero cumprir o programa, grande parte dos meus alunos não consegue aguentar o ritmo e não aprende! E a culpa é sempre do professor!
A retenção é uma exceção! E também é um péssimo exemplo para os alunos empenhados e com perspetivas de futuro. O nosso governo não valoriza o esforço, a dedicação e a resiliência dos bons alunos. Pelo contrário, premeia aqueles que nada fazem e que, muitas vezes, entram na sala de aula apenas com o telemóvel. A autoridade de um professor tem vindo a desaparecer. Os alunos são cada vez mais autoritários, indisciplinados e não nutrem respeito algum pelos professores, funcionários e colegas. A violência física e psicológica é uma constante! Mas, como a escolaridade é obrigatória até aos 18 anos, o sistema fecha os olhos e os professores que se aguentem!
Durante a semana, as horas não letivas não chegam para a enorme sobrecarga de trabalho administrativo e burocrático. Acrescentam-se ainda as reuniões pós-laborais e formações à noite de carácter obrigatório.
A maioria dos professores concorrem todos os anos a nível nacional, muitos deles não ganham para alojamento e deslocação, mas ainda assim não desistem na esperança de um dia efetivar perto de casa. Os professores não têm subsídio de transporte e habitação.
Já numa situação precária, ainda nos congelam a carreira. O Estado deve aos professores 6 anos, 6 meses e 23 dias, impedindo assim muitos docentes de um dia chegarem ao topo de carreira.
A Educação é a peça fundamental de uma Nação!"