Bombeiros pediram por duas vezes envio de viatura médica, a única na região sul de Trás-os-Montes. Helena e Cristina estão bem, mas foram transferidas para o Porto

Os Bombeiros da Cruz Branca (Vila Real) foram obrigados a fazer o parto de duas gémeas prematuras, com 500 g cada, porque a única viatura médica que existe na região sul de Trás-os-Montes estava a prestar socorro num acidente.

Eram 04.30 de ontem, quando o INEM accionou a ambulância estacionada nos Bombeiros da Cruz Branca e a viatura médica VMER (viatura médica de emergência rápida) estacionada no Centro Hospitalar do Douro e Trás-os-Montes, para socorrer uma mulher em trabalho de parto em casa.

Quando Henrique Parente, de 33 anos, bombeiro há seis anos, e António Eira, de 21, chegaram a casa foram informados de que a VMER não ia chegar tão cedo por estar a prestar socorro num acidente. \"A senhora já estava em trabalho de parto, deitada na casa de banho, com o marido ao lado\", conta Henrique .

\"Realizei o parto valendo-me dos meus conhecimentos de primeiros socorros e seguindo as indicações da parturiente, que já tinha sido mãe. Mas tinha receio porque era um parto prematuro\", recorda. \"Cortei o cordão umbilical e testei a respiração da recém- -nascida, e estava tudo bem, só que era muito pequenina pesava cerca de 500 gramas.\"

O bombeiro estava a arrumar o material quando a senhora começou a gritar: \"Vem aí outra, vem aí outra!\", conta o bombeiro. \"Nunca pensei que eram gémeos. A mãe sabia, mas na confusão não disse nada.\"

Henrique Parente voltou a pedir o envio dos médicos. \"Mas como a VMER ainda não tinha chegado a Vila Real concentrei-me e ajudei a nascer a outra, com o mesmo peso.\"

Helena e Cristina, de 28 semanas, estão bem. Foram levadas para o Hospital de Vila Real e depois transferidas para as incubadoras da Maternidade Júlio Dinis no Porto.

A mãe Patrícia, 28 anos, auxiliar de acção médica no centro de saúde de Mateus em Vila Real continua internada no serviço de obstetrícia do Hospital de Vila Real. Pode ter alta ainda durante o dia de hoje.

A falta de médicos da VMER para responder por duas vezes à chamada dos bombeiros é justificada por Carlos Vaz, pre- sidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar, pela \"madrugada atípica\" de quarta-feira. \"A VMER foi deslocada para Valpaços para socorrer um sinistrado, tendo-se deslocado ainda para outros pontos do Distrito\".

Álvaro Ribeiro, comandante dos Bombeiros Voluntários da Cruz Bran- ca, elogia os seu homens: \"Souberam materializar na prática todos os ensi- namentos que procuramos incutir-lhes com cursos de preparação. Souberam lidar com a situação delicada de um nascimento de prema- turos\".



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