A história de amor de 60 anos de um casal de portugueses que há quase cinco décadas vive em Brasília ganhou página inteira hoje no jornal Correio Braziliense.
Laura Vila Freire, completa hoje 85 anos e Guilherme Pinto da Silva, comemora no domingo 91 anos.
Na quinta-feira da semana passada, o casal de anciãos formalizou sua união num casamento realizado no quarto de um hospital.
Dona Laura, como a trata o marido, está internada há quase um mês por causa de uma fractura do fémur provocada por uma queda e ainda não tem previsão de alta.
A queda adiou o casamento que estava marcado para meados do mês passado.
\"Dona Laura foi e é a mulher da minha vida. Se por acaso ela partir hoje, eu partirei junto. Não saberei viver um dia longe dela\", declarou Guilherme da Silva ao Correio Braziliense.
A história de amor dos dois portugueses começou na cidade do Porto, na década de 40.
Guilherme Silva já era casado e tinha duas filhas quando se apaixonou por Laura Freire, na época com 21 anos.
Segundo o jornal, Laura nunca ameaçou o casamento de Guilherme e sofria por se manter no anonimato.
O destino fez, então, com que Guilherme resolvesse partir para o Brasil no final dos anos 40, fugindo da ditadura salazarista.
Os seus planos de vir buscar a mulher e as duas filhas mudaram quando chegou ao Brasil e foi para Laura, seu grande amor, que mandou uma passagem de navio com destino ao Rio de Janeiro.
O casal mudou-se em Setembro de 1956 para Brasília, onde Guilherme se tornou um próspero comerciante de brindes.
O português chegou a ter sete lojas na cidade e ainda hoje mantém uma na galeria do Hotel Nacional, no coração de Brasília.
Guilherme Silva nunca perdeu o contacto com as filhas em Portugal e só há cerca de 15 anos se separou legalmente da antiga mulher.
Para se casar com Dona Laura, Guilherme pediu permissão às duas filhas, de 64 e 54 anos, que não colocaram qualquer obstáculo ao desejo do pai.
O sonho do casal de ter um filho brasileiro não se realizou, mas o casamento civil na semana passada foi a coroação de uma história de amor que atravessou o Atlântico e sobreviveu ao tempo.
O casamento no quarto de um hospital de Brasília emocionou quem assistiu a cerimónia.
\"Deitada na cama, com os cabelos brancos como a neve, penteados, Dona Laura o beijou. Chorou. E assinou o papel que demorou 60 anos para chegar às suas mãos\", relata o Correio Braziliense na reportagem intitulada \"Um amor grande demais\".
Questionado pelo repórter do jornal se faria tudo de novo, Guilherme Silva não hesitou:
\"Ah, simÓ A gente só ama uma vez na vida. E uma alma como a de dona Laura eu não podia perderÓ\" CMC.