Depois do rescaldo do primeiro dia, em que ao inicio foi muito técnica, sobretudo para aprovar os a agenda de trabalhos, a convenção da UNESCO, contou na abertura oficial com os ministros de cultura, da Economia e do Turismo da Colômbia, que culminou num espetáculo monumental que contou com a presença inesperada do Presidente da Colômbia, Iván Duque.
Estava a decorrer um concerto representativo de bandas juvenis da Colômbia, Património nacional, quando foi interrompida a sessão, enormes medidas de segurança para entrar o senhor Presidente fortemente aplaudido de pé ao sou do inicio nacional.
De referir que no seu discurso de agradecimento, Ivan Duque se referiu durante alguns minutos a Portugal chegando a citar Saramago e o seu prémio nobel, parafraseando a cultural num discurso de improviso que nos deixou surpresos. Para o final estava reservado um espetáculo do monumental carnaval de Barranquilla (http://www.carnavaldebarranquilla.org/) já classificado património Imaterial.
Ao segundo dia da convenção da Unesco em Bogotá sobre património Imaterial, a China e a India prometem defendem com agressividade os seus projetos, aqui luta-se pela manutenção das classificações já existentes, o trabalho da Unesco é exaustivo e o selo Unesco vale dinheiro. Trata-se de investimento público e reconhecimento mundial e nenhum País quer ver desclassificado num património, isso equivale a um falhanço coletivo.
Daí ser tão importante o momento de consagração de um património imaterial, como neste caso do Caretos de Podence, como depois as medidas de salvaguarda para a sua manutenção e renovação posterior de seis em seis anos.
Hoje as delegações do Brasil e Cabo Verde estão prestes a ver as suas propostas reconhecidas. No caso do Brasil com Bumba meu Boi e no caso de Cabo Verde com o reconhecimento da musica nacional Morna ser finalmente património imaterial da humanidade.
Pode ser já hoje que Cabo Verde canta a Morna aqui, depende do andamento dos trabalhos.
Considerada popularmente “música rainha” de Cabo Verde, a cantiga crioula que surgiu há 200 anos entre as ilhas da Boa Vista e da Brava, influenciada pela modinha luso-brasileira, com letras de saudade e amor, que tem com expoentes máximos a Cesária Évora, Lura, Tito Paris, Manuel d`Novas, entre tantos outros.
A delegação cabo-verdiana que participa nestas reuniões é liderada pelo ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, integrando ainda músicos locais.
Abraão Vicente conhece muito bem Bragança, já teve oportunidade de visitar o IPB, onde diz ter “umas das maiores comunidades de Cabo Verdianos e onde somos muito bem-recebidos e integrados”.
De recordar que o Município de Macedo de Cavaleiros se encontra geminado com o Município do Sal, Cabo Verde, através de protocolo iniciado a 15 de setembro de 2008.
texto e fotos: António Pereira em Bogotá