A noite de consoada ficou tragicamente marcada para a população de Podence. José Manuel Alves, de 63 anos, ficou de baixo de um toro de madeira quando se prestava a ajudar os rapazes da aldeia a transportar a lenha para a fogueira do galo, que tradicionalmente abre os festejos natalícios na povoação. Foi transportado para o hospital de Macedo de Cavaleiros, mas aqui depressa se percebeu que o seu estado era bem mais grave do que parecia inicialmente. Teve, por isso, de ser transferido para um hospital do Porto, em cujo serviço de cuidados intensivos permanece internado.

Segundo os familiares, o toro caiu sobre o peito de José Manuel Alves causando-lhe ferimentos graves num pulmão e a fractura de uma costela. O pior diagnóstico parece ser a fractura que contraiu na coluna vertebral, de efeitos imprevisíveis, antes de ser operado.

Em face da ocorrência, que consternou a população da aldeia, os rapazes chegaram à conclusão que já não havia condições para acender a fogueira. Aquilo que normalmente seria o símbolo de uma grande festa de convívio tornou-se, devido ao acidente, numa grande noite de pesadelo. José Manuel Morais é o secretário da Junta de Freguesia.

\"Sem abrigo\"

envolvido em incêndio

Igualmente trágica poderia ter sido a noite de consoada para um sem abrigo. Tal como num conto de Miguel Torga, um sem abrigo decidiu passar a noite da consoada, não numa capela mas na \"casa das bruxas\", como é denominada, em Macedo, a casa desabitada com frente para a avenida da Estação, no entroncamento da Avenida Urze Pires, de acesso ao hospital.

Tal como no conto, o frio induziu o homem a acender uma fogueira no forno de lenha da casa. O resultado foi uma faúlha ter pegado fogo na enxerga que lhe servia de cama. O sono leve permitiu que o homem saísse ileso do incêndio, mas não o livrou do susto nem de ser identificado pela GNR. O resto foi feito pelos bombeiros, cuja intervenção a tempo evitou o pior.

Os bombeiros foram ainda chamados para acudir a outro incêndio na mesma noite, numa tarefa que parece ter-se tornado um hábito nesta quadra. Ardeu uma chaminé numa casa do Bairro da Chenop, sem outras consequências além do susto e da noite dedicada à família estragada.

A noite de consoada deste ano deixou ainda marcas em Sezulfe e em Vale Pradinhos, com a fúria do vento, ajudado pela chuva, a provocar a queda de uma árvore em cada uma das povoações.



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