O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) inaugurou hoje o hospital de dia do serviço de psiquiatria que ajuda a colmatar uma carência na área da saúde mental e fomenta a autonomia dos utentes.
Instalado na unidade de Vila Real do CHTMAD, o hospital de dia tem, para já, capacidade para 12 utentes e complementa o serviço de psiquiatria, que possui urgência, internamento e consulta externa.
O presidente do conselho de administração do centro hospitalar, João Oliveira, disse que esta era uma valência que faltava e que ajuda a reforçar a resposta na área da psiquiatria, que é “altamente carenciada” na região.
“Pretende-se que os doentes não sejam só internados, que sejam também tratados em ambulatório e sejam acompanhados perto das famílias e perto da sociedade”, salientou.
A equipa do hospital de dia é composta por uma psiquiatra, psicólogos e enfermeiros.
Miguel Viseu, diretor do serviço de psiquiatria, explicou que, depois da consulta de avaliação feita pela equipa multidisciplinar, é definido um programa de reabilitação adequado e ajustado a cada utente.
“Poderá ser uma reabilitação mais física, mais vocacional, mais ligada à alimentação ou cuidados de higiene, mas também de reabilitação cognitiva. Existem modelos que estão programados, existe um horário a cumprir e será adaptado a cada doente”, acrescentou.
O responsável referiu que a área da reabilitação do utente era uma carência e defendeu que o tratamento dos doentes não deve terminar a partir do momento em que saem do internamento.
“É preciso de facto reabilitá-los no sentido de os reintegrar na sociedade, ocupá-los, para não serem vistos como um problema (…). Pretendemos que este projeto possa, de alguma maneira, facilitar e melhorar essa integração das pessoas e diminuir o estigma do doente da saúde mental”, afirmou.
Para além dos gabinetes médicos, o hospital possui uma sala ocupacional e um ginásio, e vai ainda dispor de uma horta e jardim terapêuticos e equipamento para a prática de atividade física.
Este serviço conta com o apoio de uma voluntária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a nível da área da psicomotricidade.
Miguel Viseu elencou ainda o contributo que a sociedade pode dar para ajudar os utentes e deu como exemplo os protocolos que vão ser formalizados com a UTAD e a Câmara de Vila Real, que facilitará o acesso dos utentes a equipamentos municipais, como por exemplo as piscinas ou o pavilhão desportivo.
Ponciano Oliveira, vogal do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, disse que “a área da saúde mental é uma das preocupações dos sistemas de saúde modernos” e que o plano nacional de saúde mental “passa, justamente, por criar respostas próximas da comunidade, integradas na comunidade, e que fomentem a autonomia das pessoas e dos doentes com perturbações mentais”.
Miguel Viseu referiu que, em Portugal, há uma incidência “muito grande” ligada, sobretudo, a perturbações de ansiedade e depressão, mantendo-se estáveis os números relativos à patologia psiquiatra grave.
O presidente do conselho de administração do CHTMAD, João Oliveira, referiu que o investimento no hospital de dia foi de 104 mil euros, mais quatro mil euros em equipamentos doados pela liga dos amigos do hospital.
Para este ano, segundo o responsável, está ainda prevista a requalificação da área de internamento do serviço de psiquiatria, que possui 24 camas e uma média anual que ronda os 400 utentes.
O CHTMAD agrega ainda os hospitais de Chaves e de Lamego.