O Hospital de S. Pedro, em Vila Real, tem tido uma afluência tão grande de doentes que até já há pessoas internadas nas salas de estar e nos refeitórios, nomeadamente no serviço de Medicina Interna, que funciona no terceiro piso daquela unidade de saúde. Também no serviço de Urgência, a situação dos últimos dias não tem sido fácil de gerir, com várias camas e macas a terem de ser colocadas nos corredores.
A denúncia parte do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. \"Os utentes estão a ser tratados sem condições dignas e internados em salas que não estão preparadaso, sem casas de banho, água ou uma simples campainha para pedirem ajuda\", disse, ao JN, Antónia Alves, dirigente daquela estrutura sindical.
Espera de horas
A enfermeira garante que \"há pelo menos seis doentes, três no refeitório e outros três na sala de estar do piso onde funciona a Medicina Interna, tal é a sobrecarga a que o hospital tem estado sujeito. Além disso, e nomeadamente o serviço de Urgência, tem tido os corredores completamente lotados, com as pessoas deitadas em macas, horas e horas a fio, e por vezes até dias\", acrescenta.
Antónia Alves diz que os profissionais de saúde \"receiam que com a integração de Chaves e Lamego no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, vulgo Hospital de S. Pedro, (que até agora integrava apenas as unidades de Vila Real e Peso da Régua), a situação venha a piorar substancialmente, uma vez que ainda não está definido claramente o que vai acontecer aos respectivos Serviços de Urgência».
Recorde-se que o Ministério da Saúde já aprovou a agregação das quatro unidades, que passarão a funcionar sob a alçada da mesma administração. Uma situação que deverá começar a funcionar na prática, até ao próximo Verão.
A sindicalista acrescenta que \"há casos que estão a desmotivar os trabalhadores\", garantindo que \"há enfermeiros com horas a mais acumuladas que não são pagas, porque não chegam para realizar todo o trabalho\". Acusa, ainda, a administração do hospital de \"apostar na precariedade, contratando enfermeiros que despede ao fim de seis meses e substituídos por outros e que quando estão a adaptar-se aos serviços, voltam a ser despedidos\". Segundo Antónia Alves, \"estão nesta situação entre 30 a 40 enfermeiros\".
Administrador rejeita
Contactado pelo JN, o administrador do Centro Hospitalar, Carlos Vaz, garante que \"os utentes estão a ser tratados em boas condições\", recusando-se a comentar \"declarações dos sindicatos\". Admite, no entanto, que \"foram colocadas camas num refeitório de Medicina, que não era utilizado, e numa altura em que surgiu um pico de doentes, que no entanto não se compara em nada ao que aconteceu noutras zonas\"
Carlos Vaz garante, também, que \"o hospital está preparado para a eventualidade de uma pandemia, e os corredores estão equipados para tal, incluindo oxigénio\". E lembra \"Houve um pico de gripe, como é sabido, e nessas alturas, 90% dos doentes que ocorrem à Urgência, têm problemas respiratórios, principalmente porque a maioria são idosos. Esses equipamentos estão lá precisamente para fazer face a picos de afluência\", remata.