A maioria das áreas mineiras extintas em Trás-os-Montes foram alvo de intervenções de reabilitação, para assegurar condições de segurança. Nas de Montesinho, ainda não acabaram e de lá saíram toneladas de areia arrastadas por chuva que inundaram campos.

Nos distritos de Bragança e Vila Real, foram investidos mais de 10 milhões de euros na recuperação de sete minas abandonadas, nomeadamente Argoselo, Montesinho, Murçós, Freixeda, Ribeira, Fonte Santa e Jales, adiantou o engenheiro Martins, da EDM - Empresa de Desenvolvimento Mineiro, responsável pelas intervenções naqueles espaços.

Em Bragança, só as minas do Tuela não foram contempladas. A EDM assegura que não existe qualquer projecto para esse espaço. A empresa atesta que na maior parte dos antigos espaços mineiros não há resíduos tóxicos, pois as intervenções contemplaram a selagem de escombreiras. No entanto, nas antigas minas de Montesinho, a segunda fase do projecto de reabilitação não chegou a ser concretizado. \\"Tratámos das questões de segurança, selagem de poços e escombreiras\\", admitiu o responsável da EDM. Em falta está a reabilitação global da zona, o que, segundo a EDM, não terá sido concretizado por não ter conseguido um entendimento com a empresa que explora o areal, cujos responsáveis não foi possível contactar.

Nos últimos dias, a chuva arrastou toneladas de areia das minas de Montesinho, que invadiram campos agrícolas e uma ribeira, provocando inundações. A população teme que os inertes estejam poluídos, mas a EDM assegura que \\"não contêm resíduos tóxicos\\". Técnicos da Câmara e a Protecção Civil foram, ontem, avaliar os estragos. O autarca, Jorge Nunes, tem dúvidas sobre o processo de licenciamento dos inertes, autorizado em 1995 pelo Parque de Montesinho.

A Autarquia quer saber se houve falhas da empresa que detém a concessão. O ICNB descarta responsabilidades, garantindo que não lhe cabe emitir alvará ou título de exploração no âmbito das pedreiras. No entanto, o parecer do ICNB revelou-se positivo, impondo unicamente como condição a necessidade de se proceder a uma correcta decantação das águas resultantes da lavagem de inertes, antes do seu escoamento para a bacia de drenagem natural.

As alterações legislativas entretanto verificadas não prejudicam o parecer emitido na altura e do ponto de vista da conservação da natureza, \\"a exploração não oferece riscos preocupantes\\", confirma fonte do ICNB.



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