A Domus Municipalis de Bragança, um monumento único na Península Ibérica, foi alvo de uma intervenção aguardada há anos devido a uma parceira com Espanha, cujos resultados estão a ser discutido durante dois dias na cidade transmontana.
Cerca de 40 técnicos dos dois lados da raia participam nas jornadas técnicas sobre valorização do património da fronteira transmontana que começaram hoje e vão servir para troca de conhecimento em visitas aos locais intervencionados na zona portuguesa.
Segundo os responsáveis pelo projeto na direção regional de Cultura do Norte (DRCN), todo o património da fronteira portuguesa afeto a este organismo (sob tutela do Estado) sofreu intervenções de conservação nos últimos seis anos, nomeadamente no âmbito desta parceria ibérica.
\"Ainda não está todo, mas está a ficar num estado simpático de conservação e visita\", afirmou a diretora regional de Cultura, Paula Silva, uma meta alcançada com um investimento, nos últimos seis anos, de 800 mil euros no lado português financiados pelo programa operacional de Cooperação Transfronteiriça, antigo Interreg.
Igrejas, castelos e sítios arqueológicos beneficiaram destas intervenções, assim como outros monumentos, nomeadamente a Domus Municipalis de Bragança que há vários anos aguardava por obras para resolver o problema de infiltrações e consequente degradação.
O monumento de arquitetura românica com a forma de um pentágono data do século XII e, embora não haja consenso acerca da sua função, acredita-se que tenha sido o equivalente aos paços do concelho, local de reunião dos decisores municipais, e uma espécie de \"mãe dágua\" que abastecia a antiga cidade através da cisterna subterrânea.
A intervenção não é consensual com críticas à faixa de cobre que agora rodeia o telhado do monumento com um verde musgo que destoa do granito, o que a diretora regional da Cultura garantiu poder ser alterado.
A parceria com Espanha permitiu também intervenções de conservação e restauro nas igrejas do mosteiro de Castro Avelãs (Bragança), de Freixo de Espada à Cinta, na Sé de Miranda e nos castelos de Penas Róias (Mogadouro), Castelo Melhor (Vila Nova Foz CÎa), Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro, e Algoso (Vimioso).
De acordo com Miguel Rodrigues, coordenador do projeto na DRCN, está já em curso uma segunda candidatura conjunta no valor de 360 mil euros para promoção e divulgação, a última das fases deste projeto que além da conservação e restaura passa ainda pela criação de acessibilidades ao monumentos.
Os promotores pretendem que estas intervenções sirvam também de ajuda ao desenvolvimento local associando património construído a outros aspetos da cultura regional como as actividades em torno do burro mirandês, as aldeias históricas ou as próprias construções agrícolas.
A promoção e divulgação incluem também ciclos de música nas igrejas, colóquios e exposições, além de uma participação na feira do património que se realiza em novembro, na cidade espanhola de Valladolid.