Braga da Cruz, que falava à margem do II Simpósio Internacional de Fauna Selvagem que decorre na Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro (UTAD), defendeu que o desenvolvimento do território transmontano se deve fazer com a gestão da economia e com o aprofundamento do conhecimento da ecologia local, ou seja, "um correcto conhecimento da nossa casa".
Para o responsável, Trás-os-Montes e Alto Douro são importantes para o equilíbrio ecológico da região norte que, ao mesmo tempo, "é o contraponto do norte litoral".
"Enquanto o litoral se densifica e esquece a necessidade de uma leitura integradora dos seus valores ambientais, naturais e paisagísticos, Trás-os-Montes e Alto Douro perdem população e a actividade económica perde importância, mas os valores ambientais estão cada vez mais prementes", declarou.
Braga da Cruz disse que a concentração de cuidados ambientais nos sítios onde não há actividade económica nem grande densidade demográfica, como actualmente acontece, "é uma estratégia errada, que é urgente alterar".
"A evolução sofrida pela área interior do país levanta alguns dramas e é por isso importante encontrarmos formas de acrescentar valor àquilo que produzimos na região, numa perspectiva integrada numa lógica de desenvolvimento rural", afirmou.
Salientou a necessidade do regresso a uma atitude de planeamento municipal (planos directores municipais) e defendeu a intensificação das responsabilidades dos autarcas na defesa do património ambiental e ecológico.
A UTAD, em colaboração com a World Vigilance Euromediterranean Society (WAVES) e os parques naturais do Alvão, Douro Internacional e Montesinho, realiza até sábado o II Simpósio Internacional sobre Fauna Selvagem, uma reunião científica internacional que vai debater a Gestão da Fauna Selvagem, Parques Naturais, Cinegética e Caça, Biodiversidade Animal, Preservação de Espécies e Recursos Genéticos.
No decorrer dos quatro dias serão apresentados 80 trabalhos científicos para debate pelos 340 participantes, oriundos de países como Portugal, Espanha, EUA, Eslováquia e Eslovénia.
Henrique Guedes Pinto, vice-reitor para a Investigação Científica e Relações Internacionais, afirmou que Trás-os-Montes e Alto Douro é uma região que integra três parques naturais que lidam com muitas das questões abordadas no simpósio.
"As temáticas do conhecimento, da avaliação e das estratégias de preservação da biodiversidade assumem a nível mundial uma importância cada vez mais crescente", disse, referindo-se às questões relativas à fauna selvagem nas vertentes de gestão, biologia da reprodução, variabilidade genética, evolução das espécies, interacção entre espécies, cinegética, caça e pesca.
A organização do simpósio, cuja primeira edição decorreu em Zamora (Espanha), espera que a iniciativa contribua para melhor definir "uma eficiente gestão do património natural existente nos países europeus e do Magreb".
PLI
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