Cento e setenta cientistas de 24 países reúnem-se em Chaves, entre os dias 20 e 23, para debater as doenças do castanheiro, designadamente o cancro e a tinta que afectam uma área significativa de produção de castanha do país.

Os especialistas vão participar no III Congresso Internacional da Castanha, promovido pela Sociedade Internacional de Horticultura, sedeada na Bélgica, organizado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Associação Portuguesa de Horticultura, Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) e Escola Superior Agrária de Bragança.

O presidente da comissão organizadora do congresso, Carlos Abreu, disse hoje à Agência Lusa que em debate vão estar algumas das doenças que mais atingem os castanheiros, designadamente o cancro e a tinta.

Segundo salientou, o cancro nos soutos \"está a progredir\" em todo o país, o que constitui uma \"grande preocupação\" porque existem no país cerca de 15 mil famílias que se dedicam quase exclusivamente à cultura da castanha.

Referiu ainda que esta doença foi responsável pela extinção do castanheiro nos EUA, ao longo dos Apalaches e até à Georgia, entre 1910 e 1950.

Esta doença entrou na Europa nos anos 30 e foi detectada em Portugal pela primeira vez na década de 80.

Dulce Anastácio, da DRATM, referiu que existem em Trás-os-Montes e Alto Douro cerca de 22 mil hectares de castanheiros, que correspondem a três denominações, designadamente Soutos da Lapa, Terra Fria e Padrela, que representam cerca de 85 por cento da produção de castanha nacional.

A responsável considera também que as doenças do cancro e da tinta, que já afectam uma \"percentagem significativa\" da área de produção de castanha em Trás-os-Montes, têm \"tendência a aumentar\".

\"São doenças que existem um pouco por todo o lado e que podem ser influenciadas pela condições atmosféricas, já que a ocorrência de Invernos menos rigorosos pode ajudar na propagação de algumas epidemias\", frisou.

Para combater o progresso das manchas de cancro, uma doença que aparece nos ramos e troncos das árvores, ou da tinta, doença que apodrece a raiz do castanheiro, Dulce Anastácio salientou as acções de informação e sensibilização que estão a ser feitas junta dos produtores.

A responsável considera necessário promover práticas culturais que possam impedir o desenvolvimento das doenças como uma poda bem feita ou a desinfecção dos instrumentos que se utilizam nas árvores infectadas.

Segundo Dulce Anastácio, este ano prevê-se uma produção de castanha que ronda as 25 a 30 mil toneladas, o que corresponde à produção média da região transmontana.

Salientou, no entanto, que o desenvolvimento do fruto poderá ainda ser influenciado pelas condições climatéricas.

Metade da produção de castanha transmontana destina-se à exportação, tendo como principais mercado de venda Espanha, França e Itália.

Em Chaves, vai ainda ser feita referência à \"vespa oriental\", uma praga originária da China, que na Europa só ainda foi detectada em Itália, em 2001.

\"O objectivo será dar a conhecer esta praga, que provoca galhas nos ramos que limitam o desenvolvimento vegetativo da árvore, para prevenir que ela se venha a desenvolver em Portugal\", sublinhou Dulce Anastácio.

Durante os quatro dias vão estar reunidos cientistas de Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Rússia, Eslovénia, Suíça, Holanda, Hungria, Áustria, Bélgica, R. Macedónia, Alemanha, República Eslovaca, Azerbaijão, Bosnia- Herzegovina, Turquia, Marrocos, Austrália, China, Japão, Coreia e EUA.

No segundo dia do congresso, os especialistas vão visitar uma quinta de 100 hectares de castanheiros localizada na área da Padrela.



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Sentugal Valente

Cooperativa agrícola