O director regional de Agricultura e Pescas do Norte, Manuel Cardoso, afirma que o emparcelamento só não avançou em Trás-os-Montes porque os proprietários dos terrenos não quiseram.
«Houve projectos que conseguiram inclusivamente estar financiados, tinham dinheiro à disposição para poderem concluir a última fase e nessa fase as pessoas das respectivas aldeias não quiseram», revela o responsável.
Manuel Cardoso sublinha que os transmontanos, em geral, são muito apegados às propriedades que herdaram de familiares.
Esta é, para o representante do Ministério da Agricultura, a razão principal para não avançar com este processo, que pode modernizar a agricultura na região e fazer aumentar a produção. Mas, mesmo que os transmontanos quisessem, Manuel Cardoso considera que esta não era a melhor altura para o fazer.
«O emparcelamento, tal como o conhecemos, era concebido de acordo com as teorias formadas a partir dos anos 50 e, hoje em dia, com a conjuntura económica que o País está a viver, esse emparcelamento não tem hipótese», salienta.
Mas o responsável acredita, no entanto, que este problema vai resolver-se, em breve, com a criação da bolsa de terras, uma lei que será discutida na Assembleia da República a partir do próximo dia 3.
Manuel Cardoso sublinha que este vai ser um projecto «cem por cento voluntário» e que poderá ser o «ovo de Colombo» do emparcelamento em Trás os-Montes. «Não querendo lavrar as terras, os agricultores poderão passá-las a outras pessoas. Mas os proprietários continuarão a ser donos e podem reaver os seus direitos quando quiserem, desde que seja dentro dos prazos estabelecidos pela bolsa de terras», ressalva o director regional.