Os habitantes da freguesia de Ermelo, em Mondim de Basto, estão descontentes com o novo Plano Especial de Ordenamento do Parque Natural do Alvão (PNAL), que está em fase de discussão pública.
\\"As pessoas não ficaram bem esclarecidas. Também é verdade que na sessão pública, houve muita desestabilização, e não houve condições para tal\\", explica Maximino Clemente, presidente da assembleia do conselho directivo dos baldios do lugar de Ermelo.
A sessão a que se refere acabou numa espécie de \\"levantamento popular\\", com um grupo de cidadãos a entoarem a canção \\"Grândola, vila morena. Depois disso, já foi feito um abaixo-assinado dirigido ao Parque Natural do Alvão e ao Instituto de Conservação da Natureza. Mais de 200 pessoas da área do PNAL assinaram o documento, onde exigem uma \\"audiência prévia\\". Os receios são muitos.
\\"As pessoas estão até com medo que seja proibido ir buscar lenhas e pinhas ao monte, por exemplo. O que não é verdade\\", acrescenta Maximino Clemente.
Já quanto à proibição total de extracção de minérios como o estanho, o volfrâmio e o ferro - outrora fonte de riqueza -, o dirigente do conselho de baldios não concorda \\"Acho mal. Não deviam proibir. Assim como acho mal não deixarem construir bombas de gasolina. Deve haver regras, obviamente. Mas proibir nunca\\", acrescenta.
\\"São só regras e mais regras. Não os vejo a fazer nada pelas pessoas que aqui moram, sinceramente\\", lamenta, por seu lado, Armindo Cunha Marques, morador na freguesia. Outras das queixas prendem-se com o que são consideradas atitudes imparciais. A presidente da Junta de Freguesia, esclarece \\"Fica muitas vezes a impressão no povo que para uns há todas as facilidades e para outros só põem entraves . Isso não pode ser assim. Tem de ser muito bem explicado\\".
Para Pedro Ginja, representante da Quercus que participou na comissão mista de acompanhamento, defende que \\"o plano deve ser reformulado, envolvendo activa e efectivamente as populações residentes, indo de encontro a anseios e necessidades. Não pode ser só um pró-forma legal, mas um motor de mudança e desenvolvimento local\\".
O director do Parque Natural do Alvão, Henrique Pereira garante que \\"não há motivos para tanta preocupação e tantos ânimos exaltados\\". \\"Todas as actividades tradicionais manter-se -ão, porque só assim tem fundamento. Sem isso, estaríamos a matar o parque\\", afirma, garantindo que \\"não há qualquer situação discricionária\\".
\\"Se isso acontecesse, seria o primeiro a actuar. As maiores queixas têm a ver com as regras para a construção e para a reabilitação de habitações nas aldeias, mas isso vai mudar, porque, quando for aprovado o plano, fica a ser competência exclusiva das câmaras, sem qualquer parecer do parque, atenuando-se os potenciais conflitos\\", diz.
Esta é, de facto, a principal mudança prevista no documento coordenado pela Universidade de Aveiro. O licenciamento de obras nos aglomerados urbanos passa a ser competência apenas das autarquias de Mondim de Basto e de Vila Real. Para protecção das espécies existirão áreas de protecção total e de protecção específica.