O Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins inaugurou hoje o Centro de Recursos de Atividades Laboratoriais Móveis, numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da Câmara, Nuno Vaz, do Diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, Joaquim Tomaz, e do professor Jorge Teixeira.

A coordenação deste Centro ficará a cargo do prestigiado professor Jorge Teixeira, que tem vindo a desenvolver este projeto, desde 2016, no âmbito do Clube do Ensino Experimental das Ciências, com o objetivo de “ensinar os alunos a pensar, facilitar a flexibilidade, promover a inclusão e melhorar a literacia científica da região”, através da realização de atividades práticas.

O material técnico, avaliado em cerca de 18 mil euros, é resultado do contributo de várias entidades privadas que se associaram ao projeto e contempla 70 kits de material técnico desenvolvido em várias áreas, nomeadamente física química, astronomia, entre outras.

O Presidente da Câmara reconheceu e manifestou encorajamento e apreço na parceria com este projeto educativo de relevância. Para o autarca flaviense “este será um espaço de experimentação e de aprendizagem partilhada centrado em formar cidadãos maiores com capacidade de intervenção crítica.”

Criado no âmbito do Clube do Ensino Experimental das Ciências, este centro está aberto a professores nacionais e estrangeiros, que pretendam replicar as ideias criadas e leva-las para as suas salas ou para outros locais.

Um dos objetivos é chegar mais longe do que os programas escolares que são cumpridos no ensino tradicional.

“Não sou contra o ensino tradicional, pois há coisas que têm de ser ensinadas, mas deve-se pegar naquilo que se aprende e aplicar à comunidade, ou seja, perceber como o mundo funciona”, sublinha.

“Este centro é um local onde alunos e professores podem desenvolver projetos, pegar neles, e levá-los para a periferia. Alguns podem ser inovadores e de diversas áreas, como físico-química, biologia ou matemática”, contou o mentor do projeto, Jorge Teixeira, que leciona na Escola Secundária Dr. Júlio Martins, em Chaves, no distrito de Vila Real.

Ensinar a pensar é outra das metas de Jorge Teixeira, que considera a literacia científica fundamental para todos.

“Temos de refletir muito sobre aquilo que aprendemos e só refletindo podemos atingir um nível mais alto”, lembra.

Mas ensinar a pensar “envolve muita energia”, o que obriga a motivar os alunos, sendo uma das formas alterar a dinâmica entre professor e aluno.

“Neste centro somos todos colegas, vamos trabalhando, por vezes pego num projeto e sei tanto como eles, mas vamos construindo e as coisas vão acontecendo”, confessa.

Para aprender o que é uma nuvem, como esta se produz, observar astros, construir pequenos carros a energia solar, ou regar plantas com recurso à humidade do ar, são criados kits que explicam esses fenómenos do dia-a-dia.

Com cerca de 70 kits já construídos sobre vários temas, estes estão à disposição da comunidade em geral, para que mais novos e mais velhos possam aprender.

A maioria destes kits são construídos com recursos a materiais de baixos custos, mas há também o uso tecnologia, como telescópios, que envolveram um maior investimento.

“Com materiais de baixo custo podemos colocar alunos a pensar sobre os fenómenos que acontecem no dia-a-dia”, adianta.

Além do apoio de empresas particulares, parte dos encargos são também suportados pelo prémio monetário conquistado por Jorge Teixeira, o Global Teacher Prize 2018.

Com 50 anos e 26 de ensino, o professor de Chaves, formado em engenharia física, até começou a lecionar no ensino universitário, mas a sua vontade de ensinar no secundário levou-o a mudar de área.

“Quantos mais novos os alunos são, maior diferença podemos fazer. Por vezes, na universidade, os alunos já tem dificuldade em começar a pensar, algo que é extremamente difícil para todos nós, mas que é extremamente importante e nos pode levar mais longe”, atira.

Na altura na Escola Fernão de Magalhães, também em Chaves, Jorge Teixeira criou em 2006 um clube de ciências que viria a dar inicio a todo este projeto.

“Desde então todo os anos tenho alunos, cerca de metade dos alunos que tenho da turma vem cá à sexta feira, em vez de ir de fim de semana, para aprender alguma coisa”, conta.

Depois de já ter cativado mais de 500 estudantes, Jorge Teixeira lembra ainda que é estudado o efeito prático no êxito escolar e que, quer na nota final, quer no exame nacional, quem frequenta este tipo de ensino tem uma melhoria entre 1,5 e seis valores.

“Os resultados são exatamente iguais na classificação interna e nos exames nacionais”, assinala.

O reconhecimento em 2018 com o prémio conquistado, bem como a nível internacional onde atingiu o top-50 a nível mundial, permitiu a Jorge Teixeira “ter mais voz”.

“Não são apenas palavras, são ações e essas dão-nos mais atenção, as empresas abrem-nos mais as portas, facultam-nos material e incentivam-nos mesmo a concorrer a mais projetos”, acrescenta.



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