Os 81 Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAII) que existem no país efectuaram 42 mil atendimentos em 2008, disse hoje, em Vila Real, a alta-comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural.
Rosário Farmhouse participou na inauguração do CLAII de Vila Real, que resultou de uma parceria entre o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
A alta-comissária salientou que \"já foi ultrapassada\" a meta de 80 Centros estabelecida no Plano de Integração de Imigrantes.
\"Já temos 81 CLAII espalhados por todo o país. Este ano possivelmente ainda vamos inaugurar mais um ou dois e 2009 será um ano de consolidação da rede\", salientou.
Segundo a responsável, entre Janeiro e Outubro de 2008 foram feitos mais de 42 mil atendimentos nos Centros, sendo que a maior parte dos imigrantes que recorreram aos serviços eram provenientes do Brasil, Cabo Verde, Angola, Ucrânia e Guiné-Bissau.
A maior parte dos atendimentos estavam relacionados com pedidos de ajuda para regularizações ou de emprego.
Os Centros encaminham ainda os imigrantes para cursos de português, emprego ou na procura de habitação.
\"Tentam encontrar respostas às dificuldades que os imigrantes têm na sua integração. São locais privilegiados, porque estão ligados directamente ao Alto Comissariado e têm informação fidedigna\", realçou.
Uma das maiores dificuldades dos imigrantes é, segundo Rosário Farmhouse, a \"contra-informação\" que se gera nas comunidades, em que alguns \"se aproveitam da ingenuidade e do desconhecimento dos imigrantes para passarem informações que não são verdadeiras\".
Os imigrantes que agora chegam a Portugal são maioritariamente provenientes de países africanos ou do Brasil, verificando-se uma diminuição de estrangeiros vindos de Leste.
Uma situação que se explica, segundo a responsável, com o alargamento da União Europeia a Leste.
\"Muitos imigrantes procuraram a sua vida mais perto de casa. Têm maior familiaridade com a língua e os novos estados membro da União Europeia estão a ter um maior investimento e é natural que haja muito mais possibilidade de mão de obra e isso faz com que os fluxos se desloquem para lá\", salientou.
Uma investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Maria João Guia, estudou as relações entre imigração e criminalidade e concluiu que \"os estrangeiros não são mais criminosos do que os portugueses\".
Rosário Farmhouse diz que concorda \"plenamente\" com as conclusões da investigadora.
\"A criminalidade nada tem a ver com a nacionalidade, tem a ver com factores de exclusão, com escolhas pessoais que se fazem de futuro e do projecto de vida de cada um, mas que não tem nada a ver com o país onde se nasceu\", concluiu.