Presidida por António Costa, decorreu ontem a cerimónia de abertura do Túnel do Marão perante centena e meia de convidados, entre os quais José Sócrates que "roubou" para si toda a atenção dos media.
Coberta com a bandeira de Portugal, foi, “finalmente”, destapada a placa de inauguração do maior Túnel da Península Ibérica, tendo aberto ao tráfego às zero horas de domingo.
De obstáculo, a serra, a ligação nacional, ibérica e europeia. O Túnel do Marão que faz parte integrante da Autoestrada Transmontana foi inaugurado ontem à tarde pelo Primeiro-Ministro (PM) que comparou a obra à concretização da ponte sobre o Tejo, destacando, ainda, que este era “um dia histórico para o país”.
“Quero, na pessoa do senhor engenheiro José Sócrates, cumprimentar e saudar todos aqueles que desde 2007 até hoje contribuíram para que esta obra tenha sido concluída”, fez questão de salientar António Costa, logo no início do seu discurso, perante centena e meia de convidados.
“Há uma galeria aqui ao lado que corre em direção à fronteira, que corre em direção à Europa e que posiciona este território não só como um território que está perto do Porto, mas um território que é vizinho de uma região espanhola onde vivem 2,5 milhões de habitantes”, sublinhou o PM, defendendo o desenvolvimento de um território nacional “mais coeso”, mas também “sermos mais capazes de nos projetar no espaço global e também no mercado ibérico”.
Para António Costa, este “é um dia que só se cumprirá plenamente quando, daqui a uns anos, podermos dizer que a partir deste túnel nós convergimos para um novo nível e um novo patamar de desenvolvimento”.
Outra dos destaques do dia vai para as declarações do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que anunciou investimentos de mais de 300 milhões de euros nos distritos de Vila Real e Bragança.
Mas quem mereceu maior notoriedade por parte da comunicação social foi mesmo José Sócrates que, logo à chegada, depois de ter dito que com esta obra, Portugal é “agora, um país mais justo, mais igual”, criticou a ausência do líder da oposição na inauguração do Túnel do Marão, afirmando não ter compreendido o simbolismo da obra. “Isto é mais do que uma obra pública, é mais do que um túnel. Isto é um reencontro do país consigo próprio, com a uma identidade regional que há muito estava afastada do desenvolvimento”, declarou o antigo governante, que avisou ainda que esta atitude de Passos Coelho poderia ser entendida como uma falta de respeito pelo povo transmontano.
Já o presidente da Câmara Municipal de Vila Real, preferiu salientar a sinistralidade do IP4 e como esta sempre justificou a construção da Autoestrada Transmontana e, mais precisamente, a ligação entre Amarante e a cidade que representa. “Em pouco menos de 20 anos, 136 pessoas perderam a vida no percurso do IP4 entre Vila Real e Amarante. Isto prova que a construção do IP4 foi um erro, atrasou em 20 anos a vida de uma autoestrada para Vila Real, para Trás-os-Montes e Alto-Douro. Foi um erro, custou muitas vidas e agora está a ser corrigido. Portanto, uma palavra de homenagem a todas aquelas famílias enlutadas por causa do IP4”, referiu Rui Santos, visivelmente satisfeito pela concretização de uma obra tão aguardada. Para o edil, a obra “demorou muito tempo” porque, “infelizmente, não foi acarinhada por alguns” que se “manifestaram sempre contra esta obra, pois achavam que um investimento desta dimensão no interior do país, sobretudo, em Vila Real, não se justificava”.
O Diário de Trás-os-Montes também esteve à conversa com o ministro da Administração Interna, que falou na importância desta obra para o interior norte do país. “Esta era a principal barreira que existia para o desenvolvimento de Trás-os-Montes. Acabou-se o conceito: para lá do Marão mandam os que cá estão e a grande barreira que nos dividia entre um Portugal que era uno e solidário e nós que éramos os outros”, afirmou Jorge Gomes, antes ainda da cerimónia de inauguração. “Isto vai ser algo de histórico e algo que nos vai propiciar uma aproximação ao litoral, mas também o litoral vai ficar mais próximo de nós”, continuou, realçando a proximidade crescente a também a redução da sinistralidade, que espera agora ser zero, como de resto aconteceu na execução da obra do Túnel do Marão, que não registou nenhuma vítima mortal na sua construção.
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