«Este é um dia de luto para Mirandela». Foi assim que a Mesa da Confraria de N. Sra. do Amparo comunicou à população que a cidade corre o risco de não ter festa este ano.
A direcção, que organiza a tradicional romaria que se realiza há mais de 150 anos, entre 25 de Julho e o primeiro domingo de Agosto, diz não ter \"condições materiais e legais para fazer a festa\" porque foi requerida a execução de uma penhora sobre grande parte dos bens e fontes de receita da confraria. Na origem está uma dívida de mais de 250 mil euros relativa a um processo de indemnização decidido pelo tribunal em 1999.
O requerimento solicita o congelamento das contas bancárias, a penhora de um terreno anexo ao santuário, com seis mil metros quadrados, bem como o produto da recolha, aluguer e venda de quotas, casamentos, baptizados, oferetórios, artigos religiosos, donativos, verbenas, subsídios da Câmara e Junta de Freguesia, donativos da procissão, peditório público, publicidade sonora, terrados e leilão.
Perante essa situação, e caso não haja recuo na acção de penhora, a actual direcção, empossada em Abril, considera que não há condições para fazer a festa. O processo recua a 1995 quando, durante o espectáculo de fogo-de-artifício, um jovem foi atingido por um foguete que lhe provocou lesões graves.
O processo foi parar ao tribunal, com a família a pedir uma indemnização de 450 mil euros. A Mesa da confraria tinha um seguromas só cobria 250 mil euros, verba que foi entregue ao queixoso, tendo ficado a faltar cerca de 200 mil euros, a quantia que o tribunal condenou a Mesa da confraria a pagar.
No entanto, até agora, nunca houve acordo entre as sucessivas direcções e a família, pelo que, os juros elevaram a dívida para cverca de 300 mil euros.
A actual Mesa, presidida por Rui Magalhães, incluiu no plano de actividades \"resolver as questões litigiosas\" e pretendia chegar a acordo para um plano de pagamento dessa e outras dívidas. Mas a penhora inviabilizou todas as possibilidades de organizar a festa.