A Associação dos Industriais do Granito (AIGRA), sediada em Vila Pouca de Aguiar, reclamou a criação com “extrema urgência” do “gasóleo profissional” para ajudar as empresas a enfrentar a escalada do preço dos combustíveis em Portugal.

“Nós temos equipamentos que têm um consumo por hora bastante elevado, o que faz com que os custos de produção tenham um aumento significativo”, afirmou hoje Mauro Gonçalves, presidente da AIGRA.

O dirigente associativo deu o exemplo de uma pedreira que, por dia, consome cerca de 500 litros de combustível e que, comparativamente com o mesmo período do ano passado, custam “100 a 110 euros a mais”.

Também uma máquina de pá carregadora consome “15 a 20 litros por hora” e, neste momento, a viatura custa “mais quatro euros por hora”, sendo que no final de oito horas de trabalho custa mais “40 euros”.

E para estas máquinas, segundo Mauro Gonçalves, não há alternativas ao gasóleo. “É impossível, não existe, neste momento, no mercado essas alternativas e se não existem é obrigatório nós consumirmos combustível”, frisou.

Se assim não for, salientou, as “empresas vão ter que parar”.

Por isso, o responsável disse que os empresários reivindicam a criação do gasóleo profissional, também conhecido por gasóleo verde ou agrícola, à semelhança do que já acontece em Espanha.

Ou seja, explicou, no final do ano as empresas poderiam beneficiar de uma bonificação fiscal na fatura do combustível apresentada.

“É de extrema urgência que o nosso Estado olhe para o gasóleo profissional de uma forma séria, que reúna todos os parceiros sociais todas as associações deste ramo para que possamos chegar a algum entendimento”, sublinhou.

Mauro Gonçalves destacou a importância do setor para o distrito de Vila Real, onde existem cerca de 100 empresas, que empregam à volta de 750 pessoas e representam um volume de negócios na ordem dos 100 milhões de euros por ano. Cerca de 60% da produção é destinada à exportação.

“Tudo isto prejudica muito o nosso negócio que assenta muito na exportação e o preço que nós ajustamos para uma determinada obra é ao ano, ou seja, cada vez que há um aumento de combustível vamos mexer na nossa margem de lucro”, salientou.

Explicou que o contrato é assinado no início da obra, os preços ajustados e que não é possível, depois, alterar os valores contratualizados porque o preço do combustível subiu em Portugal.

“O nosso setor viveu anos extremamente positivos desde 2015 até 2019, com a pandemia não teve o mesmo crescimento do ano transato porque as obras abrandaram e depois a falta de recursos humanos, o aumento de combustível, o aumento de eletricidade faz com que hoje os empresários deste setor pensem duas vezes em investir em equipamentos, em capitalizar as empresas e em inovar. Tudo isto são dissabores que, todos os meses, o nosso setor vai tendo”, salientou.

Os empresários estão, segundo Mauro Gonçalves, “assustados”.

A escalada do preço dos combustíveis está a preocupar os consumidores em Portugal, quer sejam privados ou empresas. Na quarta-feira, o litro de gasolina aditivada ultrapassou, pela primeira vez, os dois euros nalguns postos do país.



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