O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, acusou hoje o Governo de agravar as dificuldades na prestação de cuidados de Saúde à população do Nordeste Transmontano com cortes orçamentais sem olhar às especificidades da região.
Para o autarca social-democrata, a Unidade Local de Saúde (ULS) Nordeste \"está a ser tratada de uma forma inferior\" às restantes do país e essa é a razão por que \"não tem melhor financiamento e melhores serviços\".
Em causa está, segundo António Branco, o corte de 2,8 por cento no financiamento das unidades locais de saúde previsto no Orçamento do Estado para 2013.
\"A mim surpreende-me como é que o Orçamento do Estado faz um corte global em todas as ULS do país de 2,8 por cento e na ULS do Nordeste, que tem menor capitação do país, faz o mesmo corte, exatamente igual\", afirmou, em declarações à Lusa.
O presidente da Câmara de Mirandela lembrou que o financiamento estatal das ULS é feito com a atribuição de verbas per capita, ou seja pelo número de utentes.
Desde a formação da ULS Nordeste, no início de 2012, que o subfinanciamento e este modelo têm sido contestados por o valor atribuído ao organismo que agrega as unidades de saúde da região ser inferior a outras ULS do país.
\"Como é que é possível um doente em Trás-os-Montes, que tem mais dificuldades de locomoção, de acesso à saúde, ter uma capitação inferior a um doente da zona do Alentejo e já nem falo de Lisboa e do Porto porque então, aí, a diferença é abismal\", questionou.
Para o autarca social-democrata, \"há aqui uma injustiça nacional\" que \"não é justificável\".
António Branco entende que para o Governo aplicar o corte geral de 2,8 por cento no orçamento do próximo ano, devia haver \"uma convergência no valor da capitação\" da ULS Nordeste e das restantes do país.
Com os cortes previstos, considerou que \"ainda vai haver mais dificuldades em prestar serviços na saúde da região\".
O autarca social-democrata insurge-se contra este corte orçamental e exortou os restantes agentes da região a combaterem esta situação.