A intervenção na Avenida Carvalho Araújo e o consequente abate de árvores estão a ser criticados em Vila Real, com a Quercus a falar em “destruição” com impactos ambientais e o PSD “em retrocesso” para a cidade.
Na segunda-feira, o município procedeu ao abate de árvores na Carvalho Araújo, uma ação inserida no projeto de requalificação daquela que é a principal avenida da cidade de Vila Real.
“O que se verificou foi a destruição de uma avenida e a destruição de uma série de árvores. Foi uma ação do nosso município que vai ter consequências no ambiente no centro da cidade”, afirmou hoje à agência Lusa Isabel Branco, do Núcleo Regional da Quercus Vila Real – Viseu.
O abate das árvores sempre esteve contemplado no projeto que esteve em exposição e foi alvo de debates públicos.
Isabel Branco ressalvou a necessidade de se intervir na avenida, mas defendeu uma revisão do projeto de forma a que se “fizesse uma intervenção sem deitar as árvores todas abaixo”.
Foi inclusive promovida uma petição, que recolheu 837 assinaturas, em defesa do “arvoredo e canteiros da avenida Carvalho Araújo”.
“Estamos entristecidos com a incapacidade que tivemos de chegar ao executivo municipal e não termos conseguido reverter esta situação. Claro que as pessoas ficaram todas em choque, porque abater 40 árvores numa manhã é realmente de deixar as pessoas revoltadas”, referiu.
A responsável elencou ainda as implicações negativas a nível ambiental por causa do abate das “árvores adultas e algumas com 40 anos”, as quais, na sua opinião, serão “sentidas com mais intensidade nos meses de verão”.
A intervenção na avenida é também contestada pela oposição PSD e Vasco Amorim, presidente da concelhia social-democrata, falou num retrocesso “democrático, ambiental e da identidade” de Vila Real.
O responsável considerou que “não basta ganhar eleições” e que o projeto “vai contra a vontade” de muitos moradores ou comerciantes do centro da cidade.
“E, do ponto de vista turístico, temos de refazer todos os postais de Vila Real”, salientou.
Na última Assembleia Municipal, que decorreu em dezembro, o PSD apresentou uma moção, rejeitada pela maioria socialista, a pedir “a suspensão” da requalificação da Carvalho Araújo até se encontrar um “projeto consensual e de bom senso”.
Em 2002, aquando do programa Polis, o então executivo liderado pelo PSD apresentou um projeto de requalificação da avenida que foi também muito contestado e não chegou a sair do papel.
“Julgamos que, agora, o incentivo foi ir aos fundos comunitários. Como foram a correr apanhar os fundos pegaram naquele projeto que já estava feito (…). Foi uma situação de coincidência, de projeto que se adequava aos termos de financiamento comunitário, mas que as pessoas continuam a rejeitar”, afirmou Vasco Amorim.
Após o arranque da intervenção na segunda-feira, as redes sociais foram inundadas com comentários de indignação contra o abate das árvores, alguns deles insultuosos.
Adriano Sousa, vereador do pelouro do Urbanismo, afirmou hoje à Lusa que as críticas eram “previsíveis” e lembrou outros projetos contestados e em que, depois de concluídos, cessaram as reclamações.
“Na Avenida Carvalho Araújo as árvores só tiveram de ser cortadas porque estavam em zona que não era compatível com o novo projeto. É importante salientar que nós somos a favor das árvores e do ambiente e que, por isso, das 57 árvores contabilizadas na avenida vão passar a existir, no futuro, 76”, acrescentou.
O projeto da Carvalho Araújo está incluído no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) de Vila Real que prevê um investimento global de 17,2 milhões de euros, financiados em 75% por fundos comunitários, e deverá estar concluído em 2022.
Para a intervenção na avenida vão ser direcionados cerca de 1,9 milhões de euros.
A obra deverá estar concluída em 15 meses e, segundo o vereador, vai “melhorar a avenida e introduzir novos valores como as questões da inclusão, da sustentabilidade, ambiente e socialização”.
Adriano Sousa destacou ainda a melhoria dos índices de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou idosos decorrentes da obra.
“Aquilo que nós pedimos às pessoas mais céticas é que deem o benefício da dúvida e que esperem que a obra esteja feita. Nós queremos o melhor para Vila Real”, frisou.
Foto: Maria José