Investigadores de oito centros de investigação e universidades portugueses e espanhóis preparam-se para assinar um acordo de trabalho em rede na área agroalimentar, que materializa o Laboratório Ibérico dos Alimentos anunciado há dois anos, foi hoje divulgado.
Alguns parceiros dos dois lados da fronteira reuniram-se hoje, em Bragança, num encontro e decidiram avançar para um acordo que formalizará a criação do laboratório ibérico, que não será uma estrutura física, mas um trabalho em rede, como explicou Lilian Barros, investigadora do politécnico de Bragança.
A instituição de ensino superior transmontana é uma das cinco da região Norte de Portugal que faz parte do consórcio que resultará do acordo, junto com mais três universidades das regiões da Galiza e de Castela e Leão, em Espanha.
O acordo será assinado “em princípio, em setembro”, e poderá ter mais parceiros, “porque existem muitas mais (instituições) que querem entrar no consórcio”, segundo a investigadora do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
A ideia da criação de um Laboratório Ibérico dos Alimentos surgiu no final de 2020, impulsionada, segundo disse, pelas “colaborações que sempre existiram” entre diferentes instituições nesta área.
A forma de formalizar este trabalho numa rede tem sido trabalhada em encontros bilaterais como o que decorreu hoje, em Bragança, e juntou o politécnico local, a universidade de Vigo, o Laboratório Colaborativo MORE (IPB) e o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia (INL) da Universidade do Minho.
“Nesta reunião chegou-se à conclusão que, efetivamente, é necessário criarmos esta rede e assinarmos um acordo entre todas as entidades envolvidas e seguirmos para a frente com este Laboratório Ibérico de Alimentos”, salientou a interlocutora.
O objetivo deste projeto “é aproveitar as valências de cada um e não estarem a repetir os mesmos ensaios, as mesmas investigações”.
“Se nós trabalharmos em rede e conseguirmos aproveitar as valências que têm todos os grupos de investigação, que têm as regiões, conseguimos aqui evoluir mais e não estarmos, por exemplo aqui no IPB, a fazer um ensaio e na Galiza e Castela e Leão fazer o mesmo”, concretizou.
Segundo resumiu, esta rede de parceiros irá elaborar “uma agenda para a área alimentar” e trabalhar de acordo com os objetivos que vierem a ser definidos.
O propósito é também “fazer uma transferência de tecnologia mais direta com as empresas” para conseguir “uma maior evolução dos produtos para entrarem no mercado”.
Na reunião bilateral de hoje estiveram presentes dois membros dos governos de Portugal e Espanha, a secretária de Estado portuguesa, Isabel Ferreira, e o homólogo espanhol Francesc Boia, secretário Geral do Desafio Demográfico de Espanha.
Os dois governantes são os responsáveis pelo acompanhamento da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço e realizam frequentemente reuniões dedicadas a projetos concretos, como explicou Isabel Ferreira.
Na reunião de hoje, em Bragança, ficaram a conhecer a evolução do Laboratório Ibérico dos Alimentos “que está alinhado com a estratégia de desenvolvimento transfronteiriço”, como salientou a Governante.
Isabel Ferreira destacou que a “área do agroalimentar é muito importante do ponto de vista do desenvolvimento da fronteira, é uma das atividades que existe com maior dinamismo”.
Expressou ainda a expectativa de que “o memorando de entendimento e eventualmente o contrato de consórcio” para este trabalho em rede possa ser assinado na próxima cimeira Portugal-Espanha, ainda não tem data marcada, mas que será ainda este ano, segundo apontou.
O governante espanhol, Francesc Boia, sublinhou que este laboratório, assim como um investimento previsto numa fábrica de baterias, em Cárceres, são dois exemplos concretos do resultado da cooperação transfronteiriça.
Lembrou os dois países estão a trabalhar em diversas questões, desde o estatuto dos trabalhadores transfronteiriços, à coordenação do 112, o número de emergência e socorro.
Estão também a trabalhar numa agenda cultural comum, em projetos de âmbito turístico e num projeto relacionado com as aldeias dos pequenos municípios raianos.